Usar a tv para “acalmar” a criançada naqueles momentos de estresse do dia-a-dia ou para levá-las a “pegar no sono” mais rápido pode parecer uma boa opção, mas é uma alternativa nada saudável e que pode custar muito caro para o estado de saúde e desenvolvimento da criança.
Precisamos compreender uma coisa: cair no sono mais rapidamente não garante um sono saudável e tranquilo. Vários artigos já comprovam que a exposição à telas está diretamente relacionada a perturbações e menor duração do sono, o que deve-se à menor secreção da melatonina, também conhecida como “hormônio do sono”. A melatonina chega a ser quase suprimida pela luz dessas telas, sendo a sensibilidade da retina da criança à luz ainda maior do que a dos adultos. Para existir a secreção ideal da melatonina é necessário que a criança esteja em um ambiente escuro, sem luzes direcionadas aos olhos.
Por isso a Academia Americana de Pediatria (AAP), órgão de referência mundial em saúde infantil, é categórica ao recomendar a ausência de aparelhos de mídias eletrônicas (tv, tablets, videogames, celular, entre outros) no quarto das crianças. Afinal, é comprovada a relação: quanto maior for o uso dessas mídias, menor será a duração do sono. Não ter esses aparelhos no quarto é uma estratégia interessante para evitar o uso durante a noite, período em que a melatonina está sendo liberada sinalizando ao corpo que está na hora de dormir.
Os artigos comprovam ainda que os padrões de sono saudáveis na infância e adolescência estão associados com menor risco de obesidade, melhor bem-estar psicológico e melhor funcionamento cognitivo.
Existem, portanto, razões de sobra para que a preocupação com a qualidade do sono das crianças seja uma prioridade nos contextos familiar, escolar e clínico, bem como em futuras pesquisas.