O coronavírus encerrou a polêmica sobre o uso de telas no cotidiano?

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A preocupação com o tempo de tela e as repercussões desse uso nas relações pessoais, desempenho das ocupações (lazer, trabalho) e desenvolvimento infantil se acalmaram, precisaram ser ressignificadas. As algemas da culpa do uso caíram. As pessoas agora precisam das telas e têm procurado se adaptar, se “submeter” sem questionamento e com gentileza para cada situação.

Diante do isolamento social a tela é forma de estar em contato com as pessoas, serviços e informações. A tela é a nova forma “de sair de casa” para trabalhar, fazer compras, visitar o avô e até ir à escola. Em muitas situações é a única forma de desempenhar as tarefas do cotidiano, as ocupações. E ninguém vai tender a negar ou questionar o único.

O contexto virtual já fazia parte da vida quando não precisávamos ou não queríamos o contato físico, e agora tornou-se fundamental pela necessidade de isolamento. Entramos na época de focar o que há de positivo no contexto virtual porque precisamos dele.

Na saúde e reabilitação estamos vivendo “o parto à fórceps da telessaúde”, construindo o caminho para fazer funcionar a continuidade da assistência. E, aparentemente, os desafios da implementação são mais de ordem pessoal que ferramental. Compreender como atingir os objetivos para esse momento do paciente e família parece ser mais desafiador que aprender quais plataformas usar e recursos possíveis. Os profissionais que se propuseram a encarar a telessaúde testemunham que é trabalhoso, mas pode ser absurdamente importante diante da Pandemia, e com certeza é possível e eficaz.

Fora dos contextos de atendimento, as telas têm ajudado a desempenhar ocupações de casa, como meio de buscar informações para aprender novas e essenciais habilidades para atividades cotidianas, como cozinhar.

Pais estão buscando usar as telas com propósito de torná-las aliadas e com significado; os pais têm aprendido que pode existir conteúdo que agregue. Buscam em redes sociais lives de dança infantil, contação de histórias e outros conteúdos que permitam usar a tela a favor da ocupações, em especial às relacionadas ao homeoffice. Claro que usam desenho animados, mas começam a avaliar o tempo e conteúdo com mais senso crítico. E é esse aprendizado que agora é feito sem preconceito que vai permitir encontrar medidas.

No relativo à educação, ativistas da área antes totalmente contra telas, têm precisado rever se a “experiência presencial é realmente insubstituível”. E, alguns que decidiram buscar o equilíbrio estão encantados com o que uma criança pode produzir em uma tela.

O ponto central dessa questão do aprender a usar as telas talvez esteja na compreensão que quando falamos do analógico e do digital não estamos falando de mundos distintos, mas de um mesmo mundo com duas possibilidades de vivências. E, cabe a nós o equilíbrio entre elas.

O tempo, os conteúdos e quais ferramentas usar nas telas é o que estamos todos descobrindo juntos. É como ser o cientista maluco que precisa aprender a lidar com seu Frankenstein.

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