“Meu filho ainda não sabe escrever o nome dele. E agora?!”
No consultório de Terapia Ocupacional é muito comum escutar relatos como esse de famílias que estão preocupadas com o desenvolvimento da escrita de seus filhos, ora cobradas pela escola por um bom desempenho, ora cobradas por conhecidos que descrevem as habilidades de escrita outras crianças.
Antes da escrita do nome tantas brincadeiras e vivências são necessárias! E, muitas vezes, a família não tem consciência disso. Afinal, escrever o nome é um dos grandes resultados de um corpo que está em desenvolvimento. E, ter consciência do envolvimento em atividades significativas, ocupações que já fazem (ou deveriam fazer parte) da vida da criança é tão importante quanto o “final esperado” dessa “mão em desenvolvimento”.
(Leia: Atividades em casa ajudam a desenvolver a coordenação motora fina!)
Existem componentes anteriores à escrita propriamente dita que às vezes não são considerados no dia a dia das famílias. Um bom exemplo é: a criança está bem sentada na cadeira? Sim, esse é um ponto importante para um bom desempenho da escrita! Pés apoiados no chão, antebraços apoiados a 90° sobre a mesa e mãos livres, é uma “anatomia” importante para um melhor desempenho da escrita. Afinal, sem uma mão livre como pegar no lápis e fazê-lo deslizar, subir e descer no papel para escrever as tão esperadas letras do nome?
Outro ponto a analisar é como a criança segura o lápis. Existem várias formas de segurar, o que do ponto de vista técnico chamamos de “tipos de pega”. A pega necessária na fase da escrita, na hora que a criança estiver escrevendo, é a pinça trípode dinâmica, que vai dar maior estrutura para a criança, que geralmente está com mais de três anos. Nesse tipo de pega, a criança segura o lápis com a ponta dos 3 dedos (polegar, indicador e dedo médio) e mantem a estrutura anatômica dos ossinhos dos dedos em movimento para que a escrita aconteça de forma harmônica no papel, que o lápis não caia da mão e nem tão pouco saia do papel.
Outro ponto de grande importância é: A criança desenha? Ela tem oportunidade de fazer um desenho livre mais estruturado? Entenda aqui a relação entre as formas de um desenho com a forma de uma letra. Para ficar mais claro: quando se desenha uma árvore, mais exatamente, a copa da árvore (a parte de cima da árvore) ou uma nuvem, é a letra E cursiva ou o U cursivo que a criança praticamente produz sem perceber. A roda do carro que ela faz é a letra O, e no telhado da casa que ela inicia o movimento da letra A.
Diante da preocupação com o desenvolvimento de uma habilidade e/ou do desempenho da criança nas atividades do cotidiano, seja em casa ou na escola, precisamos sempre conversar com profissionais que possam orientar como podemos agir para ajudar a criança a se desenvolver. Um olhar que, de preferência, tire dos pais a angústia e os empodere com o conhecimento de estratégias e possibilidades que virem mola propulsora de marcos importantes para o desenvolvimento.
(Leia também: Escrever na tela de um tablet afeta os movimentos da escrita, sabia?)
Autores:
Tatiana Cardoso | Terapeuta Ocupacional | @espacocolabtherapy
Ana Leite | Terapeuta Ocupacional Reab.me
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