Calendário personalizado para o ano novo

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Sabemos que algumas disfunções cognitivas levam à prejuízo na orientação temporal. Embora o “esquecimento” do ano não chegue a ser tão frequente, ou diria até tão importante, quanto o do dia da semana ou do mês, ele existe e pode ser abordado durante o processo de intervenção de Reabilitação Cognitiva.

Estamos aproveitando a virada do ano para relembrar e apresentar alternativas de um recurso mneumônico muito popular, mas pouco treinado e utilizado de forma terapêutica, o calendário.

Saber a data: dia da semana, do mês, o mês e o ano não é simplesmente uma questão do Mini Mental, é algo muito maior que envolve suas tarefas diárias, seus compromissos, ou seja, sua participação social. É desta forma que vejo a necessidade da orientação temporal para pessoas com disfunção cognitiva leve. Não é simplesmente o fato de saber que dia é, mas o que esse dia representa para sua vida: quais os compromissos, quais as atividades que gostaria de se envolver e etc. Diante disso, acredito que personalizar um calendário é MUITO importante por favorecer a autonomia e o sentimento de controle de qualquer pessoa com disfunção cognitiva.

Quer saber como personalizar? Eis algumas sugestões:

1. Faça uma tabela simples à mão ou com auxílio do computador. Cada folha será um mês e deverá ter registrado o nome do mês e o ano.

2. Marque com o cliente os aniversários de familiares e amigos, bem como outras datas importantes: dia do santo de devoção, por exemplo. Se possível, acrescente fotografias ao lado dos nomes, o que torna a informação mais intuitiva.

3. Os compromissos que se repetem como a reunião do condomínio ou as sessões de terapia podem ser anotados ou colocados em post-it (o que facilita retirar de um dia e colocar em outro).

No que diz respeito a um calendário para pessoas com disfunção moderada/grave, percebo a relevância de uma outra forma: um motivo para fazer sinapses, mas que não tem impacto na vida social do indivíduo. Pois é, mesmo sabendo que aquela informação não ficará armazenada um calendário desses personalizados pode ser usado para estimular a leitura, o reconhecimento de faces ou até pequenos cálculos ou o raciocínio de pequenas sequências, por exemplo: “Hoje é quarta, amanhã será…”; “Amanhã é seu aniversário, então que data será?”.

Infelizmente, não há receitas prontas e cada cliente é único , bem como a manifestação de uma mesma disfunção cognitiva pode ser diferente dependendo da pessoa, ou seja, como boa parte das estratégias cognitivas essa também será testada e pode dar certo ou não.

Pesquisando na internet achamos um relógio/calendário que pode ser muito útil. Não achei nada em português, mas a pesquisa foi rápida, mas acredito que tenha (caso não me falha a memória, acho que já vi algo no shopping!).

Pequena crítica: KD O ANO??. Fonte: Alzheimer Store.

Por fim, um bom cuidador é a base do sucesso quando falamos de adultos/idosos com disfunção em processo de Reabilitação Cognitiva. Se você é terapeuta: treine-o!; Se você é cuidador: busque aprender!; Se você é familiar: invista em bons cuidadores!.

No mais, feliz ano novo para todos é o desejo da equipe do reabilitacaocognitiva.org

Ana Katharina Leite

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Sou terapeuta ocupacional de formação, comunicadora por dom e experiência ao longo dos 10 anos frente ao reab.me; empresária que aposta na produção de produtos e conteúdos significativos e com propósito para ajudar as pessoas que precisam dos cuidado da reabilitação. Editora-chefe do Reab.me. Terapeuta Ocupacional (UFPE) com especialização em Tecnologia Assistiva (UNICAP). Mestre em Design (UFPE). Sou autora de 4 livros de exercícios para estimulação cognitiva que servem como material de apoio em contextos terapêuticos que visam a manutenção ou melhora de disfunções cognitivas. Sendo eles: - 50 exercícios para estimulação cognitiva: o cotidiano em evidência; - 50 exercícios para estimulação cognitiva: a culinária em evidência; - 50 exercícios para estimulação cognitiva: a família em evidência; - 50 exercícios para estimulação cognitiva de crianças com dificuldades de aprendizagem. No mais, sou Ana, esposa de Fábio, mãe de Olga e Inácio. Praticante de meditação e yoga.

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