A pessoa com demência não quer tomar banho: o que precisamos pensar?

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Não é simplesmente implicância da pessoa com síndrome demencial não querer tomar banho. A demência é uma doença que afeta o funcionamento do cérebro e a forma como a pessoa interpreta as informações. Não é não querer, é não compreender ou não conseguir expressar o que está achando ou sentindo sobre isso.

Sendo assim, precisamos ter em mente algumas coisas:

  • Os hábitos (ou costumes) anteriores a doença são muito importantes de serem conhecidos. Quantos banhos costumava tomar? Quais horários? Quais preferências (temperatura da agua, características específicas dos produtos de higiene pessoal, como cheiros?) Conhecer os hábitos anteriores a doença, orienta quem cuida sobre as preferências. Por exemplo, ao saber que a pessoa estava acostumada a tomar banho antes do café da manhã e a noite, dá uma pista que provavelmente, a pessoa cooperará mais se o banho for planejado considerando esses horários.
  • As tarefas associadas ao banho podem ter se tornado confusas e complicadas para a pessoa. É um exercício contínuo no cuidado a pessoas com demência lembrar que ela não está funcionando como quem cuida; e, a forma de cuidar precisa estar sempre se adaptando às fases da doença. Um exemplo que mostra o que pode não ser compreendido: a ordem dos produtos de higiene pessoal (primeiro o frasco do shampoo ou do condicionador?), como usar cada um deles (o que faço com o liquido desse frasco que está escrito shampoo?) e até reconhecer para que servem (o que é isso?). Então, os sentimentos que resultam dessa falta de “domínio” do banho leva a pessoa a evitar esse momento e/ou responder com comportamentos evitativos: diz que não quer, se irrita, empurra ou xinga a cuidadora.
  • Banho é um momento de intimidade e uma atividade que aprendemos ao longo da vida que fazemos sozinhos porque faz parte da nossa privacidade. Logo, Celina pode reagir a essa invasão de espaço.

Para ter dicas de como conduzir o banho, leia:

 

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Sou terapeuta ocupacional de formação, comunicadora por dom e experiência ao longo dos 10 anos frente ao reab.me; empresária que aposta na produção de produtos e conteúdos significativos e com propósito para ajudar as pessoas que precisam dos cuidado da reabilitação. Editora-chefe do Reab.me. Terapeuta Ocupacional (UFPE) com especialização em Tecnologia Assistiva (UNICAP). Mestre em Design (UFPE). Sou autora de 4 livros de exercícios para estimulação cognitiva que servem como material de apoio em contextos terapêuticos que visam a manutenção ou melhora de disfunções cognitivas. Sendo eles: - 50 exercícios para estimulação cognitiva: o cotidiano em evidência; - 50 exercícios para estimulação cognitiva: a culinária em evidência; - 50 exercícios para estimulação cognitiva: a família em evidência; - 50 exercícios para estimulação cognitiva de crianças com dificuldades de aprendizagem. No mais, sou Ana, esposa de Fábio, mãe de Olga e Inácio. Praticante de meditação e yoga.

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