Idoso com Alzheimer não quer tomar banho

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Mulher idosa de óculos sorrindo
Photo by Anthony Metcalfe on Unsplash

Uma fórmula secreta é o esperado por todo cuidador que enfrenta a dificuldade de dar banho na pessoa com Alzheimer. O banho é uma atividade cotidiana de higiene pessoal tão rotineira que mediante dificuldades nessa atividade, muitas vezes, é incompreendida como complexa e/ou gera muito estresse ao cuidador.

Para o ato de tomar banho muitas funções cognitivas (memória, atenção…) são necessárias e, em fases mais adiantadas da doença de Alzheimer elas podem estar disfuncionais o suficiente para prejudicar a realização de uma atividade automática, como o banho e até o caminhar. Existem mudanças internas na pessoa com Alzheimer e, mesmo com “adaptações na forma de fazer” (que são as mudanças que podemos fazer no ambiente físico), elas podem não ser suficientes para compensar as perdas.

A chave da solução mediante esse desafio é: não podemos diante de um comportamento diferente da vida inteira, querer que as coisas aconteçam como antes. Em outras palavras, precisamos mudar nossa forma de abordar e pensar diante novas formas de agir da pessoa com Alzheimer.

Quando fala-se da “pessoa com Alzheimer” vale destacar que cada um é um. Quando você pesquisa na internet ou conversa nos grupos de apoio sobre as melhores formas de agir, de falar, de se comportar para ter mais participação do idoso na hora do banho, você tem que entender que aquela é a forma que funcionou com aquela família e paciente; o que pode ser que te ajude ou não. No entanto, isso não significa que não tem solução.

Mas o que quer dizer isso: “mudar nossa abordagem e forma de pensar”?. A primeira coisa já fizemos: “aprendemos que o banho não é tão simples quanto imaginamos “só” pq é automático e também que existe abordagens que funcionam para uns e não para os outros’. Ou seja, falamos de educação sobre a doença.

A seguir, estão algumas considerações importantes nesse processo de chamar a pessoa com Alzheimer para o banho e fazer com que ela participe das etapas que conseguir:

  1. Se você já sabe da resistência, não tente  a pergunta “vamos tomar banho?”, seja mais claro dando as diretrizes (dizendo o que a pessoa tem que fazer) para tomar banho. Ex: Vamos levantar da cadeira. Vamos andando. Ou seja, é uma abordagem “passo a passo”. Você vai ser a parte do cérebro dela que dá os comandos, facilita as atividades e favorece que ela participe daquilo que consegue.
  2. Parabenize as etapas realizadas e comandos seguidos. Ex: “muito bom! vamos continuar andando!”
  3. Deixe tudo o que você precisa para o banho já preparado (no banheiro os acessórios necessários) e confira sempre a temperatura da água.
  4. Tenha consciência que tomar banho é uma atividade íntima. Imagina o quanto é constrangedor estar sem roupa com alguém te ajudando tomar banho. Não devemos considerar que a “pessoa com Alzheimer não está mais ali naquele corpo”. Sim, ela está. E, muitas vezes, as alterações de comportamento acontecem porque não consideramos isso. A empatia (colocar-se no lugar do outro) e a compaixão (não apenas colocar-se, mas agir em pró de minimizar essa “dor e sofrimento” são fundamentais no processo de cuidado.
  5. Deixe-a fazer sozinho o que consegue. Isso pode parecer mais trabalhoso se olharmos apenas para o cuidador e para aquele momento de banho, mas se quisermos olhar nosso plano de cuidados que diz que queremos a pessoa o mais independente possível (mesmo com essa independência assistida) precisamos estimulá-la a participar. A abordagem também é a dita anteriormente, a de orientação do que deve ser feito (mesmo que você precise refazer).
  6. Mas até onde você pode insistir que ele faça algo ou em que ponto deixa de pedir? Primeiro, pedir significa dar também um tempo de resposta, de ação. Além do tempo, você pode “tocar nele” para que ele levante a mão, por exemplo. Um estímulo de fora para ajudar. E, sobre a hora de parar de pedir e “fazer pôr” isso tem relação com o momento que vc percebe que tornou-se frustrante para ele, que aquele comportamento mudou. Então… como disse anteriormente, é hora de reavaliar e precisamos mudar nossa forma de abordar e pensar diante novas formas de agir da pessoa com Alzheimer.

Esse processo inteiro ao longo doença depende de muita empatia, compaixão e reavaliação constante. E, também não podemos esquecer nunca: de valorização de cada parte da atividade que o paciente conseguir se envolver.

Outra dica valiosa é: busque um terapeuta ocupacional, procure saber como ter esse serviço. Este profissional pode te ajudar demais na adaptação das atividades e ambientes, educação da doença e no processo de cuidado personalizado que valoriza quem essa pessoa com Alzheimer é!

 

 

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