O uso do CANABIDIOL (CBD) é uma questão conflitante, que gera muita polêmica e posições. Como tudo que gera polêmica, existem várias formas gentis ou não de abordar o assunto. E acredito que precisamos de muita empatia e gentileza ao tomar posição; empatia por quem defende e por quem alerta.
O ponto de partida é ter gentileza, empatia e buscar conhecimento nessas duas posições.
Primeiro: o que é o CBD?
Muitos ainda relacionam o uso do CBD ao da maconha, droga ilícita em muitos lugares e lícita em outros tantos. O CBD é uma substância da planta Cannabis sativa que não tem efeito psicotrópico; sua molécula atravessa livremente a barreira hematoencefálica, que é uma estrutura especial que envolve os vasos sanguíneos do sistema nervoso central e tem uma função metabólica importante, protegendo-o de substâncias potencialmente tóxicas. O CDB atua no sistema endocanabidinoide, que mantem o equilíbrio de diferentes processos fisiológicos do organismo como memória, concentração, aprendizagem, dentre outras.
Sobre a Resolução Nº 327, DE 9 DE DEZEMBRO DE 2019:
Em Dezembro (2019) houve uma decisão da Anvisa liberando a venda de produtos à base de cannabis com efeito medicinal, cuja compra só estará liberada com a prescrição médica. De acordo com a resolução, os produtos liberados poderão ser para uso oral e nasal, em formato de comprimidos, líquidos e soluções oleosas.
A norma não trata do uso recreativo da maconha que continua proibido. Além disso, o cultivo da maconha para fins medicinais e de pesquisa também não está autorizado.
A regulamentação é temporária, com validade de três anos, período no qual os produtos à base de cannabis passarão por testes técnicos-científicos que assegurem sua eficácia, segurança e possíveis danos, antes de serem elevados ao patamar de medicamentos.
Um lado da moeda: os que são a favor..
A decisão da Anvisa pode ajudar no tratamento de pacientes com autismo, epilepsia, doença de Alzheimer, doença de Parkinson, doenças crônicas, transtorno de ansiedade, dentre outras. Inclusive, apoio que viabiliza a muitos pacientes e famílias o que preconizamos e trabalhamos duro no processo de reabilitação de funções diversas: a participação social; o estar presente, fazendo até parte de atividades cotidianas que geram prazer, que têm significado. Ajudando a controlar sintomas difíceis, condições incapacitantes e que envolve muito mais que o paciente, mas as repercussões que isso traz para todos perto dele (e na sociedade que ele vive!).
O outro lado: os que não apoiam…
Uma das preocupações de alguns médicos é que esse uso “pode prejudicar”. Alegam que órgãos competentes para avaliar o uso correto (FDA) e criteriosas pesquisas científicas ainda precisam ser feitas para que se possa ter a segurança de prescrever o CBD. Em se tratando de doenças neurológicas, seu uso apenas está permitido com segurança para alguns tipos de epilepsia. Para os demais usos, os dados são limitados. Ou seja, não há evidências de que o seu uso possa ser efetivo e seguro. O uso de qualquer produto de CBD pelo consumidor deve sempre ser discutido e prescrito por um médico. Os consumidores devem estar cientes dos riscos potenciais associados ao uso de produtos CBD sem a correta prescrição médica e principalmente, sem ser para as situações específicas em que seu uso já foi aprovado.
A situação é com certeza uma moeda de duas faces, que precisam ser respeitadas e escutadas. De um lado temos a lógica, a segurança e a ciência; do outro temos pessoas, famílias, vidas que precisam de cuidado que também envolve escuta, respeito e empatia pelas difíceis situações de vida que passam.