Atividades Baseadas na Natureza : Prática da Terapia Ocupacional no Envelhecimento

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O envolvimento com a natureza ao ar livre é recomendado para a saúde pública e o bem-estar. Os terapeutas ocupacionais estão bem posicionados para promover esses benefícios terapêuticos, mas existem evidências limitadas do escopo de tais aplicações.

Estudo publicado no British Journal of Occupational Therapy (2023) realizou uma busca sistemática foi realizada em cinco bancos de dados e 64 fontes foram incluídas após a triagem. Foram identificados três temas: aplicações baseadas na ocupação; aplicações focados na ocupação; e a contribuição da terapia ocupacional. Embora as aplicações atuais fossem evidentes, a maior parte da literatura explorou o potencial ou a prática emergente.

Neste estudo, o envolvimento ao ar livre foi considerado uma ocupação terapêutica complexa com potencial para promover a saúde mental e a restauração; qualidade de vida e bem-estar; e estilos de vida saudáveis através da ligação à natureza; aos outros; e a si mesmo.

Os terapeutas ocupacionais permitem o envolvimento ao ar livre por meio de intervenções focadas e baseadas na ocupação em uma variedade de contextos de prática. A ciência ocupacional pode oferecer uma contribuição valiosa para a base de evidências, considerando estar na natureza como uma ocupação significativa e a acessibilidade ao ar livre como uma questão de justiça ocupacional. No entanto, as evidências da prática atual são limitadas.

Um dos trabalhos referidos no estudo, foi o The use of nature – based activities for the well-being of older people: An integrative literature review que realizou uma revisão sistemática da literatura existente sobre Atividades Baseadas na Natureza dirigidas a pessoas idosas.

(Leia: Adapte o jardim para um idoso com demência: dicas e plantas resistentes)

Tal trabalho, realizou uma ampla revisão da literatura, incluindo perspectivas dentro de um espectro de Nature-Based Activities (NBA) como uma forma inclusiva para muitas intervenções complexas, incluindo jardinagem e horticultura terapêutica, cuidados agrícolas e exercícios ecológicos, realizados em diferentes locais, como ambientes hospitalares e acomodações institucionais, bem como fazendas agrícolas e casa própria.

Os resultados destacaram o uso multidisciplinar de NBA para a saúde de idosos em muitos ambientes. Entre todos estes, a maioria das avaliações experimentais foram realizadas em lares e instalações residenciais, devido a contextos mais adequados para o desenho de tais intervenções.

Os principais desfechos clínicos envolveram depressão, agitação, distúrbios do sono e funções cognitivas e foram consistentes com os referidos à população em geral (Irvine e Warbler, 2002), e confirmaram a utilidade da horticultura em programas de reabilitação como uma estratégia não medicamentosa para melhora na saúde mental.

O bem-estar psicológico e a diminuição da solidão evidenciados por estudos qualitativos podem ter implicações relevantes na concepção de instalações residenciais e no planeamento de ambientes de saúde e reabilitação, sugerindo a necessidade de incluir espaços verdes ao ar livre.

(Participe da Comunidade Reab para ter acesso à Atualização em Terapia Ocupacional)

Os resultados de estudos quantitativos sobre jardinagem comunitária confirmaram os benefícios para a saúde desta prática, medindo o custo metabólico das atividades e encontrando uma probabilidade reduzida de queda na população idosa, contribuindo assim para uma melhor compreensão dos benefícios de cuidar de um horta caseira na velhice dando resultados mensuráveis na perspectiva de programas terapêuticos mais eficazes.

De fato, usando medidas diretas de saúde para quantificar os benefícios, foi possível determinar associações entre a prática da jardinagem doméstica e uma probabilidade reduzida de queda na população idosa.

Os estudos sobre jardinagem caseira evidenciaram a percepção subjetiva de bem-estar e a satisfação advinda da jardinagem, oferecendo uma perspectiva dessa prática como uma ocupação adaptativa ao longo da velhice.

A jardinagem parece ser uma atividade que pode ser adaptada às necessidades dos participantes ao permitir uma progressão na complexidade das tarefas, confirmando a sua relevância na preservação da qualidade de vida dos idosos mesmo quando ocorre alguma limitação física.

Finalmente, a maioria dos estudos realizados em ambientes externos ou fazendas verdes enfatizou o efeito terapêutico da natureza em fornecer uma oportunidade para estimulação multissensorial de competências físicas e cognitivas, ao mesmo tempo em que melhora a auto-estima e a sociabilidade.

A genuinidade do ambiente da fazenda foi capaz de oferecer aos participantes uma variedade de atividades prazerosas e objetivas aliadas à possibilidade de aprender novas habilidades. Além disso, a obtenção de resultados tangíveis em termos de produtos finais, como frutas, verduras ou flores, potencializou o senso de competência e auto-realização.

Em conclusão, a experiência das fazendas de cuidados verdes acrescentou algumas características únicas aos programas terapêuticos, consistindo tanto no ambiente físico quanto nas oportunidades fornecidas por ele.

Ambos estudos referidos neste post destacam essa prática emergente relacionada à natureza com benefícios ao envelhecimento bem-sucedido dentro do processo de cuidado da Terapia Ocupacional.

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Referências:

Cristina Gagliardi, Flavia Piccinini. The use of nature – based activities for the well-being of older people: An integrative literature review. Archives of Gerontology and Geriatrics,
Volume 83. 2019. https://doi.org/10.1016/j.archger.2019.05.012.

Firby H, Raine R. Engaging with nature and the outdoors: A scoping review of therapeutic applications in contemporary occupational therapy. British Journal of Occupational Therapy. 2023;86(2):101-115. doi:10.1177/03080226221126893

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