A terapia ocupacional é baseada na premissa de que participar de ocupações significativas melhora a saúde e o bem-estar. Há evidências claras na Terapia Ocupacional, na Ciência Ocupacional e pesquisas em Ciências Sociais mencionando que existem relações positivas entre a participação em ocupações significativas, saúde e bem-estar.

Na Terapia Ocupacional, de forma específica, está bem documentado que o envolvimento em ocupações significativas, incluindo autocuidado, lazer e recreação, participação social, emprego e trabalho, e educação está associado a melhoria do bem-estar, satisfação com a vida e saúde física e emocional.

As ocupações significativas são definidas como “todas as coisas que as pessoas fazem todos os dias que são propositais, significativas e culturalmente relevantes” (Wensley e Slade 2012, p. 86). São também as atividades adequadas à idade para ocupar seus tempo porque querem fazer, precisam fazer e /ou se espera que façam. As ocupações significativas também são direcionadas a um objetivo e escolhidas voluntariamente. Os indivíduos percebem essas ocupações como contribuindo para sua identidade única e conectando-as com outras pessoas. A participação bem-sucedida em ocupações significativas promove um senso de competência, autoexpressão e pertencimento.

Argumenta-se que esses efeitos ocorrem porque a participação em ocupações significativas promove sentimentos positivos, ativando assim as vias neurais da recompensa, estimulando a liberação de dopamina no sistema mesocorticolímbico, o que causa uma cascata de atividade química levando a sensações de bem-estar e, posteriormente, a uma saúde melhor.

No entanto, não está claro se todas as ocupações significativas têm essa propriedade. Como referido em outro post, pesquisadores investigaram as diferenças entre ocupações significativas e psicologicamente gratificantes e descobriram que realmente existia uma distinção entre os dois tipos de ocupações.

A participação em ocupações psicologicamente gratificantes produz um humor positivo, às vezes, mas nem sempre, levando a uma experiência de fluxo em que a pessoa perde a noção do tempo e sente uma sensação intensificada de satisfação pessoal. Embora a sensação de fluxo seja relatada com mais frequência em atividades de lazer, também pode ser experimentada enquanto se desempenha uma variedade de outras ocupações, como atividades satisfatórias de descoberta no trabalho e tarefas criativas de resolução de problemas em atividades acadêmicas, entre outras. Todas essas ocupações têm características semelhantes: apresentam objetivos claros e proximais e feedback imediato, e apresentam desafios que aumentam, mas não superam os conjuntos de habilidades atuais.

Se ocupações com tais características são usadas na terapia, o aumento da chance de experiências positivas entre os clientes significa que a possibilidade de uma maior sensação de bem-estar e significado, resultando em resultados terapêuticos otimizados, também aumenta.

Ambos os tipos de ocupações tendiam a ser fisicamente estimulantes (envolventes) e eram percebidas como uma conexão com outras pessoas, aquelas que eram psicologicamente gratificantes eram especificamente percebidas como divertidas, enquanto a percepção das ocupações como mentalmente estimulantes as tornava significativas.

Esse texto traz aspectos muito esclarecedores sobre por qual motivo terapeutas ocupacionais usam das ocupações humanas como meio e como finalidade da sua intervenção. Para quem acha que “terapia ocupacional é só para ocupar o tempo” não entende o que isso significa, mas agora você já começou a entender, concorda? =)

Fonte: Ikiugu, M.N., Lucas-Molitor, W., Feldhacker, D. et al. Guidelines for Occupational Therapy Interventions Based on Meaningful and Psychologically Rewarding Occupations. J Happiness Stud 20, 2027–2053 (2019). https://doi.org/10.1007/s10902-018-0030-z

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