TUDO o que você queria saber sobre agitação e perambulação na doença de Alzheimer: por que ocorre e como agir?

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Em estágios intermediários da doença de Alzheimer, a pessoa pode apresentar comportamentos marcados por agressividade, alucinações e/ou dificuldades para dormir e comer.

Muitos problemas de comportamento são agravados por um “ambiente pobre” e pela incapacidade do pessoa de lidar com o estresse. Ao aprender como fazer as mudanças no ambiente, você pode aumentar a qualidade de vida tanto para o paciente quanto para si mesmo.

Primeiro passo: Identificar as causas dos problemas de comportamento da pessoa com Alzheimer

O “comportamento problema” é muitas vezes uma forma do paciente de Alzheimer tentar se comunicar com você. A progressão da doença significa que eles podem não ser capazes de se comunicar verbalmente, mas eles ainda estão emocionalmente conscientes e permanecerão assim, muitas vezes, até o fim da vida.

Em muitos casos, o comportamento do paciente é uma reação a um ambiente desconfortável ou estressante. Se você pode estabelecer o motivo do paciente estar estressado ou o que está provocando o seu desconforto, você é capaz de resolver o problema de comportamento com maior facilidade. Lembre-se,  a pessoa com demência não está sendo deliberadamente difícil. Seu senso de realidade pode ser diferente do seu.

Algumas maneiras para ajudar a identificar as causas dos problemas de comportamento:

– Tente colocar-se no lugar da pessoa. Olhe para a linguagem corporal e imagine como eles poderiam estar se sentindo e o que eles podem estar tentando expressar. Pergunte a si mesmo o que aconteceu pouco antes do comportamento problema começar.

– Alguma coisa acionou o comportamento?

– Existe alguma necessidades do paciente a satisfeita? (fome, por exemplo)

– Será que mudar o ambiente ou a atmosfera ajudariam a confortar a pessoa? (ela presenciou algo desagradável ou o ambiente está quente, frio…)

– Como você reagiu ao comportamento problema? A sua reação ajudar a acalmar o paciente ou o fez tornar o comportamento pior?

Causas do Problema Comportamento

Segundo passo: Criar um ambiente calmo e relaxante

Como cuidador, você não é capaz de controlar a pessoa que você está cuidando. No entanto, você pode controlar o ambiente e a atmosfera que você cria enquanto cuida. Estes fatores desempenham um papel importante ao ajudar um doente de Alzheimer se sentir calmo e seguro.

– Modifique o ambiente para reduzir as potenciais causas que podem criar agitação e desorientação na pessoa com Alzheimer. Estes incluem ruídos altos ou não identificáveis, iluminação sombria, espelhos ou outras superfícies refletoras, cores berrantes ou altamente contrastantes e papel de parede estampados.

– Mantenha a calma!! Ficar ansioso ou preocupado em resposta a problemas de comportamento pode aumentar o estresse ou agitação do paciente. Responda à emoção que foi comunicada pelo comportamento, e não o próprio comportamento. Tente manter-se flexível, paciente e relaxado. Lembre-se, o paciente está respondendo ao seu tom de voz e linguagem corporal mais do que o conteúdo do que você está dizendo.

Terceiro passo: Gerenciar o stress em um doente de Alzheimer

Diferentes técnicas de redução de estresse funcionam melhor para alguns pacientes de Alzheimer do que para outros, então você pode precisar experimentar para encontrar os que melhor ajudam no seu caso.

O exercício é um dos melhores apaziguadores de estresse tanto para o paciente com Alzheimer quanto o cuidador. Consulte o médico do seu paciente  e certifique de que eles são seguros para participar de exercícios leves. Caminhada regular, movimento ou exercícios sentados podem ter um efeito positivo em muitos problemas de comportamento, tais como agressividade e dificuldade em dormir. Shopping centers podem ser bons ambientes para caminhada a pé (especialmente, se você mora em um lugar que o clima não ajuda para caminhadas). Ou ainda, você pode até considerar a cantar e dançar.

Atividades simples podem ser uma maneira para o paciente se reconectar com sua vida anterior. Alguém que gostava de cozinhar, por exemplo, pode ainda obter prazer na simples tarefa de lavar legumes para o jantar. Procure envolver a pessoa em tantas atividades diárias produtivas o quanto for possível. Ajudar na lavanderia, regar plantas ou ir para um passeio podem ajudar a gerir o stress.
Use música calma ou jogue o jogo favorito da pessoa enquanto toca a música favorita como maneiras de relaxá-los quando agitados. A música também pode ajudar a aliviar a pessoa durante as refeições e os horários de banho, tornando os processos mais fáceis para o paciente e o cuidador.

Interagir com outras pessoas é importante. Enquanto grandes grupos de estranhos pode aumentar os níveis de estresse para um doente de Alzheimer, passar o tempo com pessoas diferentes (preferencialmente de um-em-um ou em grupos pequenos)  pode ajudar a aumentar a atividade física e social.

Animais de estimação podem fornecer uma fonte de comunicação positiva, não-verbal. A interação lúdica e o toque suave de um animal bem treinado e dócil pode ajudar a aliviar um doente de Alzheimer e diminuir o comportamento agressivo. Se você não tem um animal de sua preferência, procure lugares que oferecem esse serviço.

 

 

 

Dicas para a prevenção e gestão da perambulação (pessoa que fica andando sem parar):

Enquanto caminhar ao redor da casa pode ser irritante para você, como cuidador, pode ser inseguro para o paciente. Alguns ambientes da casa podem ser perigosos, como: áreas da casa com escadas, decks, banheiras de hidromassagem ou piscinas.

Como resultado da perambulação o paciente pode sair de casa sozinho através de uma janela ou porta e até deixar o seu quintal ou propriedade.

Dois precursores característicos da perambulação são inquietação e desorientação. Um doente de Alzheimer pode apresentar sinais de inquietação quando está com fome, com sede, prisão de ventre ou de dor. Eles também podem se tornar inquieto quando entediado, ansioso ou estressado devido a um ambiente desconfortável ou a falta de exercício. Para resolver isso, você pode:

– Redirecionar imediatamente a perambulação ou o comportamento inquieto para uma atividade produtiva ou exercício proposital.

– Tranquilizar a pessoa, se elas aparecem desorientadas.

– Distrair a pessoa naquele momento do dia que ela tende a vagar.

– Reduzir os níveis de ruído e confusão. Caso eles estejam presentes, podem desorientar a pessoa.

Importante!!!!  Consulte o médico se desorientação está se tornando um problema. Desorientação TAMBÉM PODE ser resultado de efeitos colaterais de medicamentos ou de interações medicamentosa.

Maneiras práticas para evitar a perambulação:

Você pode ser capaz de evitar muitos momentos de perambulação:

– Instalando dispositivos de segurança para crianças em sua casa para manter as portas e janelas fechadas.

– Ocultando itens que a pessoa costuma levar ao sair de casa, como: bolsas, sapatos, óculos ou carteiras.

– Adquirindo cadeiras confortáveis ​​que restringem o movimento, que tornam difícil para o paciente levantar-se sem ajuda.

– Organizando um planejamento para quando o paciente de Alzheimer vaguear (planeje o que pode ser feito para não ser pego de surpresa).

É importante!!!!  Notificar os vizinhos, porteiro, o vigilante da rua e todos aqueles próximos sobre a tendência de perambular do paciente de Alzheimer, e pedir-lhes para chamá-lo se eles vêem o seu paciente vagando sem supervisão.

Se a busca da polícia torna-se necessária, você vai precisar de uma foto recente de rosto da pessoa. Também tenha em mãos algumas de suas roupas por lavar para ajudar cães de busca e resgate (para fazer isso corretamente, coloque a roupa em um saco plástico usando luvas).

 

Onde procurar o paciente com Alzheimer, caso esteja perdido?

Uma pessoa com demência não pode chamar ajuda ou responder às suas chamadas, e muitas vezes não vai deixar muitas pistas físicas. Ele pode ficar preso em um lugar  e podem não conseguir sair, deixando-as em risco de desidratação. Sendo assim, ao procurar verifique:

– As áreas perigosas perto da casa, tais como locais de folhagem densa, túneis, pontos de ônibus, varandas altas, psicinas e estradas movimentadas.

– Procure com cuidado em um raio de um quilômetro e meio do local onde o paciente estava antes perambular.

– Olhar com cuidado em arbustos e valas, pois a pessoa pode ter caído ou ficar preso.

– Procurar na direção da mão dominante do andarilho. As pessoas costumam viajar pela primeira vez em sua direção dominante.

– Investigar lugares familiares, tais como: antigas residências ou pontos favoritos. Muitas vezes, eles têm um destino particular.

– Se você suspeitar que a pessoa usou um carro ou um transporte público, você precisa considerar prováveis ​​locais que estão mais distantes.

Outras dicas

Cuidar de um paciente que vasculha ou esconde as coisas em casa é um desafio, mas não é um desafio insuperável. Sempre tenha em mente:

– Proteger sua propriedade.

– Bloquear algumas salas ou armários para proteger seu conteúdo e trancar todos os objetos de valor.

– Ter correspondências entregues fora do alcance de pacientes de Alzheimer – talvez em uma caixa postal.

– Aprenda os esconderijos preferenciais da pessoa e olhe lá primeiro para encontrar objetos escondidos.

– Restrinja o acesso aos cestos de lixo e as latas de lixo, e confira todas as lixeiras antes de descartar seu conteúdo, no caso de objetos terem sido escondidos ali.

Proteger os pacientes de Alzheimer de ferir a si mesmo:

— Retirar ou impedir o acesso a substâncias nocivas, tais como produtos de limpeza, bebidas alcoólicas, armas de fogo, ferramentas eléctricas, facas afiadas e medicamentos.

— Evitar acidentes elétricos, bloqueando tomadas não utilizadas com dispositivos para crianças. Esconder os botões do fogão para a pessoa não pode ligar os queimadores. Abaixe a temperatura dos aquecedores de água.

— Designar uma gaveta especial de itens que a pessoa pode com segurança “mexer, arrumar” quando estiver com vontade.

Durante uma explosão de raiva do paciente de Alzheimer:

– Não confrontar a pessoa ou tentar discutir o comportamento agressivo. A pessoa com demência não pode refletir sobre seu comportamento inaceitável e não pode aprender a controlá-lo.

– Não inicie o contato físico durante a explosão de raiva. Muitas vezes, o contato físico desencadeia violência física no paciente.

– Proporcionar a pessoa “tempo” longe de você. Deixe-os ter espaço de estar com raiva. Retira-se na direção de uma saída segura.

– Distraia a pessoa com um tema ou atividade mais prazerosa.

– Procure por padrões na agressão. Considere os fatores como privacidade, independência, tédio, dor ou fadiga. Evite as atividades e temas que desencadeie a raiva da pessoa. Para ajudar a encontrar quaisquer padrões, você pode manter um registro de quando os episódios agressivos ocorreram. Se a pessoa fica com raiva quando as tarefas são muito difíceis para eles, quebrar as tarefas em partes menores, por exemplo.

– Deixe a pessoa colocar para fora a raiva. Só não se esqueça de que todos em volta e ele devem estar seguros.

– Obtenha ajuda de outras pessoas durante as atividades que são inevitáveis e que podem desencadear ira no paciente.

– Não tome a agressividade como algo pessoal.

Dicas para gerenciamento de alucinações e suspeita

As alucinações podem ser o resultado de falência dos sentidos. Manter a tranqüilidade e sem mudanças no ambiente pode ajudar a reduzir alucinações. Além disso, filmes violentos ou televisão pode contribuir para a paranóia; evite que o paciente assistam a programas perturbadores.

Quando alucinações ou ilusões ocorrerem:

– Não discuta sobre o que é real e o que é fantasia.

– Converse sobre os sentimentos do paciente em relação ao que eles imaginam que vêem.

– Responda ao conteúdo emocional do que a pessoa está dizendo, ao invés de o conteúdo factual / ficcional.

– Procure orientação profissional, se você está preocupado com este problema. Medicamentos, por vezes, pode ajudar a reduzir alucinações.

Alzheimer e suspeita:

Confusão e perda de memória também podem levar um doente de Alzheimer a suspeitar de pessoas ao seu redor, às vezes acusando seus cuidadores de roubo, traição ou algum outro comportamento impróprio.

– Oferecer uma resposta simples para qualquer acusação, mas não discutir ou tentar convencê-los de suas suspeitas são infundadas.

– Distrair o paciente com outra atividade.

– Se as suspeitas de roubo estão focados em um determinado objeto que é freqüentemente extraviado, como uma carteira, por exemplo, tentar manter um item duplicado na mão para aliviar rapidamente os medos do paciente.

Dicas para gerenciar problemas de sono:

A doença cerebral muitas vezes interrompe o ciclo sono-vigília. Pacientes de Alzheimer podem ter vigília, desorientação e confusão ao anoitecer e ao longo da noite. Isto é chamado de “síndrome do pôr do sol ou crepuscular.”

Há dois aspectos nessa síndrome. Primeiro, confusão, excesso de estimulação e fadiga durante o dia pode resultar num aumento confusão, inquietação e insegurança à noite. E, segundo, alguns pacientes de Alzheimer têm medo do escuro, talvez por causa da falta de ruídos diurnos familiares e a atividade típica do dia. O paciente pode procurar segurança e proteção à noite para aliviar o desconforto.

Maneiras de reduzir a agitação noturna:

– Melhorar a higiene do sono. Proporcionar uma cama confortável, reduzir o ruído e luz e tocar música suave para ajudá-los a conseguir dormir. Se a pessoa prefere dormir em uma cadeira ou no sofá ao invés de na cama, certifique-se que eles não podem cair durante o sono.

– Mantenha um horário regular de sono. Seja consistente com o tempo para dormir e manter a rotina noturna da mesma. Por exemplo, dar à pessoa um banho e um pouco de leite morno antes de dormir.

– Mantenha uma luz acesa durante a noite. Algumas pessoas com demência tendem a imaginar coisas no escuro e tornar-se chateado. Bichos de pelúcia ou um animal de estimação também pode ajudar a acalmar o paciente e permitir-lhes dormir tranquilo.

– Coloque uma cômoda ao lado da cama para servir de apoio durante a noite e, se for o caso, coloque uma aparadeira nela para ele fazer xixi. Caminhar para o banheiro no meio da noite pode fazer a pessoa despertar e então, eles não podem voltar a dormir.

– Aumentar a atividade física durante o dia para ajudar a pessoa a se sentir mais cansada na hora de dormir.

– Monitorar os cochilos. Se a pessoa parece muito cansada durante o dia, dar-lhes um breve descanso na parte da tarde para se recuperar. Isso pode levar a uma melhor noite de sono. Mas não deixá-los dormir muito tempo – muito tempo durante o dia dormindo pode aumentar a vigília noturna.

– Limite o consumo de cafeína do paciente durante o dia.

Dicas para resolver problemas comuns:

– Se o paciente tem ficado acordado durante a noite, certifique-se que o cuidador principal pode dormir durante o dia. O cuidador precisa descansar também. Não restringir o paciente na cama, mas considere uma cama de hospital, com grades laterais (ou guarda-corpos) nas fases posteriores da doença de Alzheimer. Se a vigília na noite ficou muito difícil para você gerenciar, consulte com um médico, se você quiser tentar a administração de pílulas para dormir.

Este post busca ser uma fonte de orientação e discussão de familiares, cuidadores e profissionais sobre o tema. O conteúdo deste post está aberto à discussão e modificação a partir das experiências de cada um, por isso tão importante quanto o texto dos posts são os comentários que vocês podem fazer.

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Um lembrete para quem se interessa por materiais de estimulação: temos os cadernos de exercícios Reab.me. Pensados para adultos com disfunção cognitiva, esse material é largamente utilizado com pessoas com demência de Alzheimer, tanto no trabalho de Reabilitação quanto na estimulação cotidiana pelo cuidador. Um material caracterizado por sua simplicidade, conteúdo versátil e facilidade de aplicação.  Todos os exercícios abordam temas do cotidiano, da rotina, dos interesses e da história do paciente. Enquanto resgata informações da vida atual e anterior da pessoa, as questões estimulam habilidades como memória, atenção, linguagem, dentre outras. 

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Fonte: helpguide.org

Imagem: Minchioletta
 

24 COMENTÁRIOS

  1. Boa noite, muito bom este artigo, sou arteterapeuta e estou sempre passeando pelo reab, e quando isto acontece é sempre gratificante, e muito elucidativo, Parabéns!!!!

  2. Minha irmã cuida da sogra dela, e esta semana ele acordou com a sogra em cima dela com uma faca na mão, detalhe,minha irmã tem uma criança. estamos preocupados.

  3. Gostei muito deste artigo. Minha mãe é portadora de Alzheimer há 10 anos. Queria eu há 10 anos atrás ter encontrado um artigo como este … com certeza teríamos sofrido menos e compreenderíamos melhor o que acontecia com a mamãe.

  4. Louvável a disposição em servir.
    Excelente texto. Objetivo, elucidativo. Informações ao alcance de todos.
    Congratulaçoes com todos os empenhados neste espaço online.

  5. ESTOU PASSANDO POR ESTA SITUAÇÃO, TAMBÉM SOU CUIDADOR DE MINHA MÃE E SIMPLESMENTE NÃO É FÁCIL , TEM VEZES QUE EU TENHO VONTADE DE LARGAR TUDO, MÁS A MINHA CONSCIÊNCIA NÃO PERMITE. EM SITUAÇÕES DE CRISE O IMPORTANTE EM PRIMEIRO LUGAR É O CUIDADOR PERMANECER BEM RELAXADO E NÃO SE DEIXAR INFLUENCIAR E SE POSSÍVEL FAZER A VONTADE DA PESSOA PORTADORA ATÉ A CRISE REDUZIR E A PESSOA SE ACALMAR.

  6. Do jeito que colocam parece muito fácil. Esses cuidados todos são lindos. Mas quando a pessoa não tem dinheiro o que faz? Quando você não consegue dar os remédios de jeito nenhum. Nem líquido, nem sólido. A pessoa não bebe líquidos nem come. Já fizemos de tudo. Volta e meia precisamos levar ao hospital para tomar soro. Muito difícil.

  7. Tem medicação para alzaime, que se for para os hospitais, ou médicos que atendem pelo SUS, ele preenche uma documentação, um Laudo, e o Governo dá. Vdd ,!!! Não é fácil, minha mãe também tem. Tem que passar pelo psiquiatra, para ele passar uma medicação que controle, mais o paciente.

  8. Não existe um remédio especifico para o Alzheimer.
    Existem remédios que podem controlar. E isto varia de paciente para paciente.
    Cuido SÓZINHA da minha mãe com DA. Ela é cadeirante, esta quase cega e é surda.
    Tem crises horríveis de muito agressividade, de gritos horrorosos, de choro sem fim.
    Quando esta em crise, se recusa tomar os remédios. Cospe, atira longe.
    Tem alucinações todo o tempo. Possivelmente por conta do Tramadol que infelizmente tem que tomar para as dores da artro artrose que são intensas e cronicas.
    Toma também o Quetiapina para controlar os surtos.
    É comum ir ao banheiro e imediatamente esquecer que foi.
    Querer que eu feche uma porta, quando só é uma parede.
    Se recusar a sentar no vaso sanitário , por achar que o mesmo está na rua.
    E por aí vai …
    Cuidar com amor, paciência, compreensão, de nosso doente demencial, significa SIM, abdicar completamente da própria vida no sentido mais total, e adoecer também.
    Todas as dicas, os conselhos são válidos. Porem nem sempre aplicáveis.
    E cada paciente é um universo.
    Eu amo musica. Minha mãe odeia . Sou atéia. Minha mãe evangélica.
    Contudo busco todas as formas possíveis de mante-la estabilizada.
    Porem não é fácil lidar com a demência de alguém. especialmente de uma idosa com graves limitações fisicas.
    Estou em farrapos.
    Não tenho com quem contar.
    Todos sumiram. Família, parentes, amigos, pessoal de igreja. TODOS SOMEM.
    Ninguém quer contato, para não ter nenhum tipo de trabalho ou responsabilidade.
    Esta é a única realidade que existe .
    Internar minha mãe ? NUNCA. JAMAIS. POR NENHUM CONDIÇÃO.
    Depositos para idosos estão cheios por aí. Ou, quem tem 7/8/10.000reais para pagar por um lugar digno onde seu idoso ou idoso receberá um atendimento e cuidados melhor.
    Não é meu caso.
    Sou pobre. E só eu é que sei os malabarismos que faço para não deixar faltar remédios, comida, vestuário, pomadas, cremes, e tudo o mais que ela necessita diáriamente.

    • O mesmo se passa comigo. Nada faz mais efeito pra ela. Mesmo com Zolpiden, tem surtos à noite e tenta levantar completamente “dopada”…e ai cai…coloquei gradinha na cama, ela pula. De noite#é um inferno. De dia, dorme o dia todo. Sabem de uma coisa? Não existe alguma coisa pra eles dormirem direito. Sem ilusões…

      • Olá Marcia, é importante que você converse com o médico que acompanha a idosa e solicite resoluções, além de encaminhamento para terapias não farmacológicas e de reabilitação.
        Busque também um terapeuta ocupacional, ele irá orientar quanto a organização da rotina, isso pode ajudar a diminuir a ociosidade diurna e melhorar a qualidade do sono durante a noite.

  9. Boa tarde,
    Leio sempre sobre o Alzheimer e não consigo ajudar minha mãe. Ela está com 85 anos e não dorme. A noite é uma agitação total. Os médicos já tentaram muitas medicações, mas nada faz ela dormir. Tudo que fala nos textos que pode ajudar a gente faz. Mas nada adianta. Durante o dia ela não tem capacidade física para fazer atividades, tem insuficiência respiratória. Mesmo se ela não cochilar durante o dia, a noite também não dorme. Ela fica o tempo todo, deitando, levantando, indo ao banheiro, mexendo nas gavetas, tentando abrir as portas (escondo as chaves e objetos que podem machucar). Já teve dias de cair da cama e não aceita que coloque a cerca. Não sei mais o que fazer. Onde está o sono da minha MÂE???

    • Olá Cristina, você já conversou com o geriatra que cuida da sua mãe? Ele irá te orientar acerca destes pontos que você destacou, sua mãe faz acompanhamento com um Terapeuta Ocupacional? Caso sim, converse com ele sobre a rotina e quais modificações podem ser feitas para reduzir a ociosidade e adaptar o ambiente domiciliar (caso seja necessário) para manutenção do sono.

  10. Já inumeros articos de médicos, cuidadores e só vejo teorias vazias, a pratica a realidade e completamente outra só quem está vivendo na pele com a pessoa com essa maldita doença sabe o tamanho do problema.
    Acho que esses pseudos especialistas tem que conviver pelo menos um mês com um doente em seu auge da crise pra saber realmente o que é isso.

  11. Eu e minha esposa estamos passando por essa prova, acho que podemos chamar assim, pq nunca na minha vida imaginava viver coisa do tipo. Praticamente vivo entorno dela, tbm não tenho parentes para contar, eles existem, mas nunca para ajudar. Estamos sobrecarregados, e ficando doentes por conta da carga de estresse que ela nos impõe. Já usamos vários remédios, já foram aumentadas as doses, tentamos terapias, mas nada dá muito certo. Durante o dia ela não se aquieta, e muitas vezes pela noite ela perambula sem parar. Algo que por mais que vc ame, e se esforce, acaba causando um stresse absurdo em nós.
    No mais, oq tenho a dizer é que, somente os que cuidam sabe das dores. Nem médico, nem remédio, nem palavras, nem motivacional algum consegui tirar o paradoxal sentimento que essa doença causa em quem cuida.
    A única coisa que tenho a dizer é que vc murmure, chore, se lamente, grite, berre, mas não trate isso como um conta de fadas. Ser real com a realidade é mais aliviador do que o engano que mata dolorosamente e lentamente.
    Não sou feliz pelo estado que minha mãe se encontra, logo, não sou feliz.

    • Olá Guilherme, sinto muito pelo que está passando.
      Realmente, é muito desafiador para quem está à frente na rotina de cuidado de uma pessoa com o diagnóstico.
      Existem alguns organismos que são mais resistentes à algumas medicações para esse tipo de comportamento, esperamos de coração que você encontre, junto à equipe médica, alternativas viáveis e efetivas de tratamento.

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