Realidade virtual pode ajudar pessoas com Autismo a treinar habilidades

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Por mais de duas décadas o papel da Realidade Virtual (RV)  no campo do Transtorno do Espectro tem representado um tema crescente de pesquisas. O termo RV é bastante amplo e inclui:

  • Simulações ambiente virtual (VES), (Mitchell et al, 2007;. Parsons et al, 2004;. 2005)
  • Ambientes colaborativos virtuais (VE) (Fabri et al., 2004)
  • Ambientes imersivos virtuais (IVE) (Wallace et al., 2010) e
    Mundos virtuais (VW)
  • (Kandalaft et al, 2013;. Newbutt, 2013; Stendal & Balandin, 2015).

Todas essas tecnologias envolvem gráficos 3D “imersivos”, envolvendo muitos avatares (representações de si mesmo), controles independentes e/ou entrada/saída de comunicação.

Como resultado desses esforços, tem sido comprovado que a RV fornece um espaço efetivo e envolvente para as pessoas com TEA que são capazes de desenvolver habilidades específicas  que dão suporte as necessidades de comunicação, participação social e ao treino de habilidades específicas relacionas a atividades de trabalho, neste sentido até o treino para uma entrevista de emprego (Smith et al, 2014;. Smith et al, 2015;.. Strickland et al, 2013).
O que são as tecnologias de RV e por que elas são úteis para as pessoas com Autismo?

As tecnologias de realidade virtual simulam o ambiente e, por meio da computação gráfica, permite o treinamento de habilidades que sejam generalizadas para o ambiente real. Essas tecnologias podem ser úteis, pois permitem que os instrutores, terapeutas e prestadores de serviços ofereçam uma plataforma ambiental segura, repetível e diversificável que pode beneficiar a aprendizagem dos indivíduos com TEA ( Georgescu et al, 2014;. Kandalaft et al, 2013;. Newbutt , 2013;. Parsons et al, 2004).

Um estudo da Universidade Estadual de Michigan usou um par de óculos (Oculus Rift ™) com um fone de ouvido que simulou uma visão 360 ​​graus de um ambiente criado virtualmente. O objetivo era compreender as experiências de pessoas com TEA com esse tipo de tecnologia.

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O participante utilizou o hardware abaixo:

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Esse estudo centrou-se em explorar questões como:

Esse tipo de tecnologia e a apresentação de um ambiente virtual é aceitável para uma pessoa com TEA?”

Quais as questões psicológicas são experimentadas ao usar esse tipo de tecnologia; ela fornece uma sensação de imersão, de naturalidade; existem efeitos negativos como ansiedade?

Métodos e contexto

O equipamento foi montado em um centro de reabilitação vocacional em Lansing, Michigan, com o objetivo de envolver um grupo de 29 pessoas com TEA e explorar as suas experiências de uso. A idade média dos participantes foi de 32 anos, com idade variando entre 17 – 52 anos. Todos eles tinham um diagnóstico de TEA, e o QI médio do grupo era de 83,6, dentro de uma faixa de 48-135. Em seguida, trabalhou em duas fases para resolver nossas questões de pesquisa.

A fase 1 consistiu em avaliar a disposição dos participantes a usar a RV em 3 experiências de RV distintas (cinema, um café e um safari) por cerca de 7 minutos. Na fase 2 foram avaliadas as sensações  a presença, de imersão e os efeitos negativos do uso da tecnologia,como os níveis de ansiedade pré e pós uso. Na segunda fase a exposição foi mais longa (20 minutos cada) e as experiências virtuais distintas (aventura espacial e explorar uma casa).

Constatou-se que na fase 1 do estudo 100% dos participantes estavam dispostos a usar a tecnologia e realizar a experiência dois dos ambientes virtuais apresentados na primeira etapa. 95% estava dispostos a experimentar todos os três. Na fase II verificou-se que os níveis de ansiedade relatados não foram aumentados após a experiência. Além disso, verificou-se que os efeitos negativos (sentir-se tonto, doente, etc.) foram baixas, com sensação de presença, imersão e de naturalidade no espaço classificados como alto.

Sendo assim, os resultados são interessantes pois mostraram que o uso do tipo de RV estudada não é uma barreira ou problema. Além disso, a resposta positiva à sensação de imersão e de naturalidade nos ambientes virtuais tornam as experiências potencialmente realistas, o que pode ajudar na tentativa do desenvolvimento de habilidades que podem ser generalizadas para o mundo real.

 

Apesar das limitações do estudo (leia mais aqui), há uma potencial chance da RV fazer parte no futuro dos recursos de apoio ao desenvolvimento de habilidades das pessoas com TEA.

Para consultar as referências e mais detalhes: network.autism.org.uk

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Sou terapeuta ocupacional de formação, comunicadora por dom e experiência ao longo dos 10 anos frente ao reab.me; empresária que aposta na produção de produtos e conteúdos significativos e com propósito para ajudar as pessoas que precisam dos cuidado da reabilitação. Editora-chefe do Reab.me. Terapeuta Ocupacional (UFPE) com especialização em Tecnologia Assistiva (UNICAP). Mestre em Design (UFPE). Sou autora de 4 livros de exercícios para estimulação cognitiva que servem como material de apoio em contextos terapêuticos que visam a manutenção ou melhora de disfunções cognitivas. Sendo eles: - 50 exercícios para estimulação cognitiva: o cotidiano em evidência; - 50 exercícios para estimulação cognitiva: a culinária em evidência; - 50 exercícios para estimulação cognitiva: a família em evidência; - 50 exercícios para estimulação cognitiva de crianças com dificuldades de aprendizagem. No mais, sou Ana, esposa de Fábio, mãe de Olga e Inácio. Praticante de meditação e yoga.

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