Sempre existem obras que nos levam à reflexão. Livros, filmes e outras formas de arte são capazes de gerar em nós sentimentos e pensamentos que podemos levar para nossa vida… pessoal e profissional.
E assim aconteceu comigo.Vi um documentário (o recomendei em outro post, afinal ele merece um espaço virtual só para ele) que conta um pouco da história de um médico neurocirurgião londrino – Henry Marsh – que periodicamente opera na Ucrânia com poucas condições de trabalho. O relato do médico sobre o papel dele diante das condições de seus pacientes me fez refletir. Dr. Henry fala muito em esperança, até quando não há mais o que fazer do ponto de vista médico.
As palavras, as colocações durante o documentário me fizeram refletir sobre a Reabilitação, sobre a esperança que nós profissionais da área promovemos aos clientes e suas famílias. Diante das possibilidades factíveis de “devolver” as habilidades, promovemos esperança; E, mesmo diante de situações em que não é possível “devolver” as habilidades, nos focamos em remediar as habilidades perdidas, damos esperanças. Ou seja, mesmo diante do irremediável decorrente de uma doença ou deficiência, reabilitar é sobre promover esperança, não é?
Na Reabilitação lidamos com situações de esperança o tempo todo, certo? “Pílulas de esperança” são distribuídas por meio de palavras, com nossas orientações e esclarecimentos, por meio de atendimentos, com nossas técnicas e conhecimentos, e por meio de atitudes, com nosso sorriso, paciência e disposição emocional para viver com eles a Reabilitação. Ah, a disposição emocional… falamos tão pouco dela. Você que é profissional se percebe assim tão “disponível emocionalmente” ou ainda acha que todos podem passar pelas alegrias e tristezas inerentes à sua profissão? Não, nem todos conseguem. Você é diferente e escolheu fazer algo que pode fazer diferença.
Acho que eu ainda poderia escrever uns 10 parágrafos sobre o assunto, mas me limito ao título, jogo para vocês o questionamento: “Reabilitar é sobre promover esperança, não é?”
Que lindo, Ana!
Eu aqui com os meus tantos anos de vida e de profissão cada vez mais fico a pensar, que está implícito o sentir, o quanto cada um de nós lidamos com memórias, conscientes ou não…memórias dos tecidos, memórias afetivas de prazer, de dor, de necessidade e de habilidades. Hoje sinto a minha profissão como um “afofar a terra” para preparar a semeadura, quem sabe germinar, brotar , crescer e dar frutos… como estado potencial. Aceitar o tempo e o modo dos estágios da vida é um desafio! Penso que nós da reabilitação deveríamos ter cuidado para não achar que damos a pílula, mas sim, que podemos, quem sabe, dourar a pílula.
Bjs