Incentive cada estágio de desenvolvimento a acontecer, pois há um propósito para cada uma delas. Esse incentivo deve ser sempre com respeito e sem ansiedade. Dar a oportunidade para acontecer, esse é o papel de quem cuida da criança em qualquer fase do desenvolvimento.
E sobre o engatinhar? O ato de engatinhar inicia aproximadamente a partir dos 7-10 meses com a criança tentando arrastar-se com a barriga no chão; aos poucos, a criança adquire uma maior habilidade, tira a barriga do chão para realizar o movimento com apoio dos membros superiores e inferiores.
Essa etapa de desenvolvimento varia entre as crianças e algumas até pulam essa fase de forma natural ou às vezes até estimuladas pelos próprios pais que preferem que elas andem logo.
Mas qual a importância do engatinhar e qual a relação com a motricidade fina?
Engatinhar é a primeira forma de locomoção da criança, ela de forma independente pode ir atrás do seu brinquedo ou de alguém e explorar o ambiente. Muda o campo visual da criança. Oportuniza outras informações e experiências. Basta você imaginar (ou quem sabe experimentar) estar na posição de um bebê engatinhando.
Engatinhando a criança tem a chance de desenvolver noção corporal, espacial, sentido de direção. Ajuda a fortalecer os músculos dos membros superiores e inferiores, além da musculatura cervical, abdominal, e do tronco. No site da Michigan State University eles enfatizam a importância do engatinhar e referem que contribui tanto para habilidades motoras como cognitivas, favorece um bom desenvolvimento da memória, esquema corporal, planejamento motor, percepção visual e coordenação olho-mão.
O engatinhar desenvolve o quadril e a cintura escapular, permitindo uma melhor estabilização nessas articulações. Também trabalha equilíbrio e coordenação, pois a criança tem que mudar seu peso e manter o equilíbrio em um braço e perna, enquanto o braço e a perna opostos trabalham juntos para impulsionar o corpo para frente. O movimento do braço e perna opostos para frente requer a dissociação das extremidades, o que melhora a coordenação. Essa posição também ajuda a construir os arcos das mãos que irão contribuir nas habilidades motoras finas, como a caligrafia. E, embora pegar em um lápis e escrever pareça coisa do “passado”, ela é apenas uma das muitas habilidades que exigem motricidade fina.
No site baby sparks a terapeuta ocupacional pediátrica Natasha Bravo, explica que o engatinhar ajuda a criar um corpo estável e uma boa postura porque o bebê está descarregando o peso em seus punhos, ombros, costas e mão, alongando os músculos longos do dedo, desenvolvendo os arcos de mão e a “separação da mão em dois lados”, um lado da habilidade (a parte da mão que compreende o polegar e dois primeiros dedos) e um lado estabilizador (o que pertence ao dedo anular e mínimo). Essas mudanças preparam as mãos e os dedos para tarefas de motricidade fina, como manipular brinquedos, escrever e amarrar sapatos.
(Leia também: Atividades de casa ajudam a desenvolver a coordenação motora fina!)
Existem muitas maneiras de incentivar o engatinhar. Para a criança que ainda não está engatinhando, incentive o tempo em prono (barriga para baixo) o máximo possível quando a criança estiver acordada. Você pode incentivar o deslocamento para a frente colocando um brinquedo favorito ou você mesmo a poucos metros de distância para ela tentar pegar e ir afastando quando ela for conseguindo. Quando eles começarem a se mover, encoraje-os a engatinharem em superfícies diferentes.
Para a criança que começou a andar, você ainda pode incentivar a postura de engatinhar para ajudar a desenvolver habilidades motoras finas. Você pode fazer com que seu filho imite como diferentes animais andam, como um cachorro ou um gato. Fazer um túnel com cadeiras em casa ou comprar um túnel de brinquedo. Outra opção divertida são atividades com circuito de obstáculos que elas precisem passar por debaixo de móveis, entrar e sair de caixas, engatinhando, rastejando. Usar itens de casa como cadeiras, almofadas, elásticos, etc. Fazer brincadeira de carrinho de mão (adulto segura as pernas da criança e ela se desloca utilizando os braços).
O andar é maravilhoso e significa muito para as famílias, mas não precisa ter pressa.
Autora: Emília Lopes | Terapeuta Ocupacional | Formação no Conceito Neuroevolutivo Bobath Infantil | Certificação Internacional em IntegraçãoSsensorial (Clasi- collaborative leadership for ayres sensory integration) | Especialista em terapia da mão (IOT/ USP – SP).
(Saiba mais: caderno de exercícios para crianças com dificuldades de aprendizagem)
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