Ainda é cedo para falar sobre detalhes, para mostrar evidências científicas desse jogo, mas os relatos de profissionais e familiares parecem falar por si e só. O Pokemon Go é além de uma febre mundial, uma oportunidade para valorizarmos e repensarmos a tecnologia de realidade virtual como um recurso eficiente para pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).
Em relato para o site Autism Speaks o Dr. Peter Faustino, psicólogo, disse que o maior desafio para quem trata pessoas com TEA é motivá-las a chegar ao ar livre e interagir, e esse é o princípio básico do jogo: sair para encontrar pokemons!
A dinâmica do jogo motiva as pessoas com TEA a explorarem o mundo fora de casa e até a interação com outras pessoas. Como um psicólogo escolar, Dr. Peter incentiva os pais a tirarem proveito dessa experiência de jogo e aconselha não julgar esta nova experiência como algo ruim ou com limitações. Em vez disso, incentiva todos a apoiarem os jogos de realidade virtual que podem um dia ser adaptados para inspirar especificamente às pessoas com TEA a sairem de casa para receber pontos / recompensas / informações de outras pessoas que encontram na loja, no trabalho, ou em um lugar de lazer. Para ele, esse recurso trouxe a motivação que muitos profissionais buscam plantar nas pessoas com TEA tentando levá-los a aprender habilidades sociais e executá-las.
Veja abaixo o relato da mãe que tem um filho com TEA sobre o Pokemon Go:
“Obrigado à minha colega pela dica. Eu finalmente apresentei à Ralphie o Pokemon Go hoje a noite. Ela estava certa. Essa coisa é INCRÍVEL. Depois dele capturar seu primeiro Pokemon na padaria, ele ficou gritando de alegria. Ele correu pra fora para capturar mais. Um garoto o viu e reconheceu o que ele estava fazendo. Eles imediatamente tinham algo em comum. Ele perguntou ao Ralphie quantos ele tinha capturado. Ralph não respondeu exatamente, apenas gritou rapidamente POKÉMON! E pulou para cima e pra baixo alegremente e balançando os braços. Então o garoto lhe mostrou quantos ele tinha capturado (mais de 100!) e Ralph disse: UAUUUUU. E deram um high-five (bateram as mãos juntas no ar). Eu quase chorei.
Então ele viu seu segundo Pokémon sentado um passo à frente. Ele o capturou também e ficou tão excitado que gritava novamente e pulando de felicidade. Então ela (minha colega) veio pra fora e ele começou a conversar com ela sobre o jogo, também! Ela então apontou pra ele que tinha um monte de atividades de Pokémon no Playground. Ele implorou pra ir.
Ele NUNCA quis ir ao Playground a noite, porque foge da sua rotina habitual. Ele normalmente é MUITO rígido a respeito de sua rotina. Mas esta noite ele ficou tão feliz por mudar as coisas, e fazer isso! Nós estávamos chocadas. E quando chegamos lá, outras crianças correram até ele para caçarem Pokémon juntos. Ele estava interagindo com outras crianças. Meu Deus do céu!! Eu não sabia se ria, ou chorava. Então ele quis procurar mais, e fomos caminhando até a 30th Avenue. Adultos também estavam caçando Pokémon, e esses totais estranhos ficaram dando dicas pra ele como “tem um bem ali naquela esquina, amigão! Vai pegá-lo!” e então ele voltava correndo feliz da vida. Ele então olhava para o estranho e dizia “OBRIGADO!” e saia correndo. UAU!.
MEU FILHO AUTISTA ESTÁ SE SOCIALIZANDO. Falando com as pessoas. Rindo para as pessoas. Verbalizando. Participando de discursos pragmáticos. Com totais estranhos. Olhando pra eles. As vezes até olhando no olho. Rindo com eles. Compartilhando algo em comum. Isto é SURPREENDENTE.
Obrigado à minha colega que sugeriu isto. Você estava certa. E obrigado Nintendo! Isto é o sonho de toda mãe de um autista! Eu te amo!”
Para quem se animou com a temática vamos deixar aqui algumas dicas de livros que podem interessar: