Sim, muitos professores já sabem, mas também é verdade que “tantos outros muitos” precisam conhecer as características inerentes às crianças com TEA para poder ensiná-las da melhor forma e garantir que o processo de aprendizagem não fique prejudicado.

Sendo assim, pegamos carona nas orientações dadas por  no site autismodiário.org para pontuar informações para professores que se interessam em aprender sobre Autismo.

O autismo é um transtorno de espectro. Isso significa que há uma grande variabilidade de uma criança para outra. Os professores que já tiveram crianças com TEA na sala de aula já têm uma idéia do que é isso, mas é importante deixar claro que nem todas as crianças são iguais e que os professores não podem esperar um perfil em particular para se adaptar. Ainda há outra variabilidade, o que funcionou para uma determinada criança antes pode não funcionar agora e vice-versa.

Comportamento é comunicação. O comportamento negativo pode ser uma queixa, uma tentativa de sair de uma situação em que a criança se sente oprimida ou que necessite de uma resposta. Nenhuma criança quer se comportar mal. Tente encontrar a causa, pode ser útil registrar, escrever o que aconteceu antes da mudança de comportamento, com quem a criança estava, o dia, a hora, o contexto … Isso é essencial se você quiser encontrar um padrão que vai ajudá-lo a prevenir ou evitar esses comportamentos.

Adapte o que conseguir na hora de ensinar. Use, como com qualquer outra criança, os pontos fortes e peculiaridades dos alunos. Algumas ideias:

  • Organize um passo a passo em ordem, uma sequência padronizada, materializando bem todas as ações e etapas do que for pedido.
  • Dê instruções muito claras. É melhor usar instruções como: “Fechem os cadernos, deixem os lápis na mesa e entrem na fila para ir ao pátio”, que “Pronto, terminem a tarefa e podem ir para fila do recreio”. E, lembre-se sempre que eles podem ter ouvido as instruções, mas não terem entendido. Bem como, é possível que aquela instrução tenha sido eficaz ontem, mas hoje não foi. Atenção sempre!
  • Explique claramente como a tarefa deverá ser quando estiver completa. Algumas pessoas confeccionam uma imagem de como a tarefa tem que ser feita e mostra ao aluno. Hoje em dia, com a possibilidade de fotografar com o celular, isso é bem mais fácil.
  • Dirija-se ao aluno na primeira pessoa e de forma individual. Ele pode não entender a instrução dadas para toda classe como uma instrução para ele. Ele pode precisar de instruções mais práticas que as outras crianças para dominar as tarefas.
  • Utilize diferentes estratégias e recursos para ensinar: imagens visuais, guiá-lo em um passo a passo, um companheiro para dar o exemplo… e, lembre-se, repetir a informação raramente é demais.
  • Faça perguntas com informações precisas. Funciona melhor quando você diz “Você quer ler ou desenhar?” que perguntar “O que você quer fazer agora?”
  • Dê poucas opções. Se ele precisar escolher algo, é melhor dar duas ou três opções que toda uma prateleira cheia delas.
  • Rotinas e avisos prévios são muitas vezes úteis para uma criança com TEA. Flexibilidade, paciência, capacidade de adaptação são habilidades necessárias para a vida, mas crianças com Autismo geralmente não se adaptam bem às mudanças repentinas, bem como a surpresas, a perturbações esperadas. Coisas como um novo professor ou partida não prevista pode causar ansiedade ou birras. Informar o mais rápido possível para a criança de qualquer novo plano e dar mais um de um aviso antes de iniciar uma nova atividade.
  • Normalmente, eles lidam muito melhor com reforço positivo do que com punição. Diante de um mal comportamento, corrija-o delicadamente. Use um esquema visual, um calendário ou cronograma; imagens podem ser ferramentas muito úteis para mantê-los centrados.
  • Explore, se possível, o “mundo dos computadores”. Eles podem ser de grande ajuda em algumas tarefas.

E sempre, paciência.

Crianças com autismo requerem tempo extra para processar instruções verbais. Eles precisam de uma linguagem clara e frases curtas, instruções muito básicas e claras de um ou dois passos e um período de alguns segundos para responder a uma pergunta. Se você achar que precisa repetir a pergunta, não a formule de outra forma, assim você volta à estaca zero. De forma simples e calmamente repita as mesmas palavras. Tentar fazê-los responder mais rápido ou apressá-los só vai resultar em mais lentidão de resposta, afinal você está dando mais estímulo que precisará ser processado.

Uma pausa pode ser uma grande ajuda. Crianças com TEA podem se beneficiar de ter um lugar calmo para ficar quando necessário e se auto-regular. Em circunstâncias ideais, esse é um canto sossegado com almofadas e tapetes, com um livro e um mp3 com fones de ouvido com alguma música favorita.

Compreensão da linguagem e expressão verbal são duas coisas diferentes. Muitas crianças com Autismo entendem muito mais do que os professores pensam e podem não ser capazes de expressar o que realmente querem. Às vezes, no entanto, são capaz de recitar frases longas e complexas, mas sem entender o que está sendo dito.

As crianças com TEA são literais. No geral, sempre custa muito para eles compreender a linguagem figurada, a metáfora, um pensamento abstrato. Se em uma excursão você diz para a turma “apertem o passo“, outros alunos podem compreender sem problemas que precisam andar um pouco mais rápido, mas a criança com TEA vai buscar apertar algo. A mesma coisa funciona para “sacarmos”, por exemplo, dizer: “Ótimo!” diante de uma situação de erro pode ser um reforço positivo para um erro. Ainda nesse contexto, é válido lembrar que não se deve usar perguntas como instruções, como: “Você pode ler a próxima página?”, a resposta pode ser um “não”.

As crianças com autismo perseveram em um assunto. Muitos meninos com TEA têm “o seu assunto.” Eles podem querer falar sobre isso por horas e não será fácil tirá-los de lá. Muitas vezes, eles são tópicos que não têm interesse para as outras crianças ou para o professor ou qualquer outra pessoa. Algumas vezes esse assunto preferido pode ser usado como uma alavanca para o aprendizado (por exemplo, no lugar de somar maçãs pode-se somar dinossauros, se esse é o assunto), ou como uma recompensa depois de conseguir uma tarefa (pode abrir o livro dos dinossauros).

As crianças com TEA precisam de ajuda em suas interações sociais. Muitas vezes essas crianças parecem não ter nenhum interesse em companhia e quando não se estimula a interação, elas não vão buscar e não vão aprender o fundamental para a vida social. A escola é um ambiente ideal para socializar e algumas situações e oportunidades do ambiente escolar não ocorrem ou não podem ser reproduzidas em casa.

  • Deve-se ensinar a exercer competências sociais básicas, como esperar sua vez e  compartilhar algo.
  • Permita também ficar de fora de algumas atividades, como esportes ou jogos que podem ser difíceis de entender ou que gerará angústia ou desconforto.
  • Tenha cuidado para que essas crianças não sofram nenhum tipo bullying.

Problemas sensoriais podem estar presentes. Algumas crianças com Autismo podem ter hipersensibilidade a estímulos visuais (uma luz muito forte), auditivos  (o barulho de aparelhos elétricos), olfativos (cheiro de comida) ou tácteis (texturas). Você pode tentar modificar o ambiente, tentando chegar em algo que seja melhor. Os terapeutas ocupacionais podem ajudar a tornar a sala de aula mais agradável, atendendo às necessidades sensoriais da criança e eliminando as distrações.

As crianças com TEA têm estereotipias. Os movimentos estereotipados ou comportamentos repetitivos que podem parecer muito estranho para quem convive com essas crianças. Muitas vezes eles ocorrem quando elas estão animadas, entediadas ou estressadas. Atenção e presença do professor com orientações durante o tempo em que as crianças estão na escola irão torná-las menos freqüentes.

Pode ser útil para explicar aos colegas de turma que é o Autismo. Tenta-se explicar aos colegas de turma de forma adaptada para a idade coisas básicas sobre o TEA:

  • Todos nós somos únicos e diferente dos outros.
  • Que o autismo é algo que se nasce, ninguém é culpado ou pior/melhor por causa disso.
  • Que o colega com TEA é como qualquer outra criança da classe, só que com algumas particularidades.
  • Algumas características da criança com TEA não significa mau comportamento.
  • Que a criança com TEA demora mais a fazer tarefas, a se comunicar e fazer amigos, sendo assim todos na turma precisarão ser compreensivos e bons companheiros.
    Crianças com autismo dizer as coisas como elas vê-los.
  • Não existe nada para se preocupar.

As crianças com Autismo dizem as coisas como a veem. Sendo assim, pode dizer em público que você precisa perder peso ou que está com um cheiro estranho. Não se deve levar isso para o lado pessoal, as crianças com TEA não querem ofender ou magoar. A melhor solução é sempre bom humor.

O resto da equipe da escola também deve conhecer essas informações, vai ser útil. O motorista do ônibus, o pessoal cantina, os estagiário, todos que vão conviver e ajudar com essas crianças.

Lembre-se sempre que os  pais vão perguntar sobre o filho e irão apreciar a sua vontade de sua informação e ajudar, além do mais, tendo essas e outras informações você terá um ambiente de ensino mais eficaz.

FONTEAutismo Diário
Artigo anteriorVamos vestir roxo e se conscientizar sobre a epilepsia? Hoje é o dia! #PurpleDay
Próximo artigoContando Monstros: cartões para baixar!
Sou terapeuta ocupacional de formação, comunicadora por dom e experiência ao longo dos 10 anos frente ao reab.me; empresária que aposta na produção de produtos e conteúdos significativos e com propósito para ajudar as pessoas que precisam dos cuidado da reabilitação. Editora-chefe do Reab.me. Terapeuta Ocupacional (UFPE) com especialização em Tecnologia Assistiva (UNICAP). Mestre em Design (UFPE). Sou autora de 4 livros de exercícios para estimulação cognitiva que servem como material de apoio em contextos terapêuticos que visam a manutenção ou melhora de disfunções cognitivas. Sendo eles: - 50 exercícios para estimulação cognitiva: o cotidiano em evidência; - 50 exercícios para estimulação cognitiva: a culinária em evidência; - 50 exercícios para estimulação cognitiva: a família em evidência; - 50 exercícios para estimulação cognitiva de crianças com dificuldades de aprendizagem. No mais, sou Ana, esposa de Fábio, mãe de Olga e Inácio. Praticante de meditação e yoga.

5 COMENTÁRIOS

  1. oi minha filha Lidia tem 8anos hoje fala poucas palavras mamae papai vovo vovó akam faz sons e geme pra se comunicar recentemente começou balbuciar um bleeee buuu e nao entendemos e isso causa muita irritaçao nela uma vez que quando dos seu primeiros anos de vida falava seu nome e dizia mamae mimir mamae nanar e nene hj nao fala mais

Deixe um comentário para Camila Rocha Vila Nova Cancelar resposta

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.