Logo depois de escrever um post falando de quão rica pode ser a atividade de cozinhar para uma pessoa com demência, me pego pensando nos consultórios de Terapia Ocupacional.
A profissão que muitos escolherão e escolheram para fazer a graduação, Terapia Ocupacional, tem peculiaridades muitas vezes não entendidas ou mal entendidas pela sociedade. Uma delas, é a relação tão estreita com atividades que no senso comum parecem ser tão simples… “tomar banho, comer, trocar de roupa? pelo amor de Deus, existem coisas no mundo mais importantes e determinantes para o bem-estar de uma pessoa!!!”. Nossa, quantos terapeutas não escutaram coisas do tipo?
Bem, para não perder o foco da conversa (me empolgo para falar da absurda e real falta de reconhecimento da profissão, mas cala-te boca!!!), vamos voltar aos consultórios!
Tendo em vista, essa relação com as atividades de vida diária como fim, ou seja, objetivo do processo de reabilitação, ou como meio, recurso para atingir o objetivo da terapia, os consultórios deveriam ser bem diferentes.
Quem atende em consultório sabe que o que encontramos disponível para alugar é aquele modelo de ambiente construído comum a médicos, psicólogos, fonoaudiólogos e etc. No entanto, o que precisaríamos é bem mais que isso, bem mais….
Um consultório de Terapia Ocupacional, com certeza precisa ter uma mesa, algumas cadeiras, mas também um ambiente que remeta ao contexto onde a criança poderá brincar e ser estimulada e o adulto realizar tarefas diárias que possam ajudá-lo no seu processo de reabilitação.
Um ambiente construído onde pudéssemos observar o cliente fazendo atividades cotidianas e treinar os seus componentes de desempenho (força, memória, etc.). Alguns nesse momento poderiam até falar: “então só atenda em casa”, mas em muitos casos atender no consultório antes de ir para casa seria o ideal porque em só em consultórios podemos ter variáveis controladas, o que muitas vezes não é possível no contexto domiciliar, onde não podemos evitar que o telefone toque ou que a vizinha venha fazer uma visita.
Ou seja, do mesmo jeito que quando penso em um consultório de fisioterapia as imagens quem me vem à cabeça é de barras, espelhos e tatâmes, as pessoas deveriam imaginar que um consultório de T.O é um espaço que lembra um ambiente domiciliar.. tem pratos, garfos, uma cama, enfim… detalhes e mobílias que remetem ao princípio básico da profissão: ocupação! as atividades que constituem nossas ocupações…
Para mim, assim deveria ser um consultório de Terapia Ocupacional (não vou entrar em detalhes de acessibilidade ou outros de ambiente construído… falei do básico, do conceito de um consultório de T.O).
Ana Katharina Leite.
É bem verdade tudo o que voce diz. Na verdade, as dificuldades em encontrar um ambiente que seja “terapeutico ocupacional” são muitas. De qualquer maneira precisamos, na maioria das vezes, nos adaptarmos e criarmos o ambiente… ótimo: estamos estimulando nossa criatividade e capacidade de adaptação.
A ocupação humana É a nossa profissão, apesar de pouco conhecida, quando realizamos um bom trabalho ela é reconhecida.
Roseli Fernandes – CREFITO3 511TO