Até agora se pensava que o cérebro humano utilizava dois mecanismos distintos para formar recordações de longo prazo ou recordações de curto prazo. Essa teoria, acaba de ser desafiada pelos resultados de uma investigação realizada por cientistas da University College de Londres (UCL). As recordações a curto prazo seriam formadas por duas redes neuronais muito distintas, uma delas responsável também pela memória de longa duração.
Segundo um comunicado da UCL, os neurocientistas formularam a primeira teoria a partir de observações realizadas com pacientes com amnésia, um transtorno que afeta a capacidade de formar recordações a longo prazo.
Normalmente, a amnésia é ocasionada por danos no hipocampo. Sabe-se que esta região, está envolvida na memória a longo prazo. Esta também é uma das primeras zonas afetadas pela doença de Alzheimer.
Apesar dos danos sofridos na memoria a longo prazo naqueles pacientes com amnésia (e, em consequência, com transtornos no hipocampo), estes foram capazes de recordar um número de telefone durante períodos curtos de tempo, sempre que não se distraíra sua atenção.
Este feito conduziu a ideia de que o hipocampo seria responsável pela memória de longo prazo, mas não pela memória de curto prazo.
Os achados recentes realizados pelos cientistas da UCL revelaram que esta distinção entre ambos tipos de memória deveriam ser revisadas.
Os investigadores da UCL, analisaram pacientes que sofriam de epilepsia com origem no lobo temporal, um tipo de epilepsia que provoca uma marcada disfunção do hipocampo.
Foi pedido aos participantes que observassem e tentassem memorizar imagens fotográficas de cenas cotidianas, por exemplo, de cadeiras e uma mesa situadas numa sala de estar. Enquantos eles recordavam as fotos, foi medida a atividade cerebral em intervalos de tempos curtos e longos.
Os registros cerebrais foram realizados com uma técnica não invasiva denominada magnetoencefalografía (MEG), que registra a atividade funcional do cérebro mediante a captação de campos magnéticos, e que permite investigar as relações entre as estruturas cerebrais e suas funções.
Com a MEG foi constatado que para a memória de curto prazo a cerca dos detalhes de cada cena, por exemplo, se a mesa estava situada a direita ou a esquerda das cadeiras, foi necessária a atividade coordenada de uma rede de áreas cerebrais (região temporal e região visual), enquanto que para a memória de curto prazo geral se colocou em atividade uma rede neuronal muito diferente.
Como consequência de seus transtornos, após 60 minutos os participantes não foram capazes de recordar detalhes das fotos nem de distinguir estas de fotos novas.
Segundo um dos autores do estudo, o professor Emrah Duzel, após cinco segundos, os pacientes só puderam distinguir as imagens que haviam sido memorizadas de imagens novas (recordação geral), mas não recordar a colocação detalhada dos objetos na cena (recordação detalhada).
Os cientistas explicam que isto se deve a existência de duas redes distintas para a formação de memórias de curto prazo no cérebro.
Uma dessas redes funcionaria de forma independente do hipocampo e se manteria intácta em pacientes com dano neste e, em consequência, com déficit de memória de longo prazo.
A outra rede dependeria do estado do hipocampo e afetaria a formação de recordações de curto prazo junto com a capacidade de formar memórias de longo prazo.
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Ana Paula Mendes
Fonte:www.tendencias21.net