Estudo de caso: Disfunção Cognitiva Infantil

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Há algum tempo atrás, recebemos um pedido de uma de nossas leitoras, uma psicóloga que solicitava uma orientação, dicas de atividades para o caso de uma criança que vem sendo atendida por ela.

Como eu e Ana K., não trabalhamos na área infantil, acordamos com ela a elaboração desse post para que todos vocês possam opinar, dar sugestões, ajudando nossa colega a tornar o processo de reabilitação o mais eficiente possível.

Antecipadamente, agradeço muito a quem quiser colaborar. Acho que os comentários serão de grande valia para todos nós.

Bem, vamos ao caso.

A., 10 anos. Aos 2 anos e 9 meses era uma criança que caia com muita frequência, recebeu diagnóstico de tumor no cerebelo, teve histórico de meningite, colocação de válvula, tendo que passar por oito cirurgias neurológicas. Andou com 1 ano e 2 meses, não apresentou problemas no desenvolvimento da linguagem. As principais queixas da mãe envolvem desatenção e choro excessivo mediante frustração.

Na escola, a professora relata que a criança tem dificuldade de se organizar de um modo geral. Não consegue colocar os materiais na carteira de uma forma adequada; não usa o verso das folhas; tem dificuldade de memorizar o que lhe foi dito oralmente; ao retornar do banheiro não consegue lembrar em que carteira estava sentado; apresenta dificuldade em realizar cálculos; as informações dadas parecem ser sempre novas, mesmo já tendo sido apresentadas anteriormente.

Na avaliação neuropsicológica, foi constatado: ¨A. apresenta potencial cognitivo dentro do esperado para faixa etária, principalmente em atividades linguísticas. No entanto , a dificuldade significativa em atividades que envolvem organização perceptiva, destreza e agilidade viso-motora e viso-manual, praxia viso-construtiva, memória de trabalho assim como elevada ansiedade de desempenho, desencadeiam prejuizo nas áreas acadêmicas. Também foi observado que A. apresenta significativo potencial de comunicação, facilitando suas relações interpessoais. No entanto, pelo déficit de memória apresentado, sua expressão torna-se repetitiva, assim como sua aprendizagem. Pode-se observar que a fase de aquisição encontra-se preservada, mas a fase de retenção apresenta déficit específico. Levante-se hipótese diagnóstica de déficit específico de memória, desencadeando dificuldade na aprendizagem e sintomatologia ansiosa¨.

A palavra agora é de vocês…

Ana Paula

23 COMENTÁRIOS

  1. Trabalho com a população infantil, e gostaria de trocarmso experiências e quem sabe poder axilia-la…nunca sabemso td não é??
    A criança tem uma fala contextualizada? oq sabe de avd????bem ai vão algumas perguntas inciais.
    Robertta psico

  2. Segue algumas atividades que uso com alguns pacientes:listagem de alimentos que eles conhecem e através disso usar cheiros para estimular a memória olfativa, vc poderá usar tb essa atividade com os olhos vendados e fazer com que adivinhe; sequenciar objetos que tem na sala verbalmente;solicitar que traga algo de que gosta em outra sessão e verficar se lembra.
    Olha tenho paciente de 13 anos que teve encefalite viral herpetica, assim o dano foi no sistema limbico, hj esta bem melhor então tenho várias atividades , caso queira, aqui são apenas algumas.
    até,
    Robertta

  3. Roberta

    Eu sou a Fernanda Psicologa, ref. esse caso.

    Respondendo a sua pergunta: ele tem uma fala sim, entende super bem, fala bastante.

    Adorei essas sugestões sua, gostaria de saber como posso ter acesso aos outros materiais, exercicios em que você utiliza, se vc tem como vender, pois gostaria de ter acesso a esses materiais, caso você queira me vender/dar….enfim

    Podemos trocar experiencias e materiais, por trabalharmos com mesmo tipo de atendimento.

    email: fernanda_nasci@yahoo.com.br

    Obrigada

  4. Oi, eu sou fonoaudióloga e pelo que me parece essa criança tem um grande atraso psicomotor que é a primeira forma de aprendizagem de como o corpo age no mundo e prepara a oragnização do corpo no espaço, sequencia (movimentos) noção temporal.Sem a noção do espaço ainda que haja a memoria falta a noção do espaço q ele não reconhece. Não tem como eu escrever detalhadamente como esses desenvolvimentos se dão em paralelo e como. Mas uma boa psicomotricista ajudaria e muito essa criança, uma vez que o aprendizado escolar é precedido pelo aprendizado pelo corpo vivido. (No caso do espaço: reconhecer formas, reconhecer o lugar de cada coisa, saber situar qd perguntado aonde está cada coisa (em cima da cadeira do lado da mesa por ex) e agir no espaço. O próprio passado já indica um atraso psicomotor qd ela era desastrada, ou seja ela n tinha nem noção do próprio corpo (esquema corporal ) como orientação e organzação epacial.
    Creio que um bom psicmotricista ajudaria bastante.
    Quanto a parte do choro excessivo durante a frustração essa criança pode ter sido criada tendo todas suas vontades feitas em virtude dos problemas, ou apenas reage mal às suas dificuldades. Bom essa parte é com os psicologos mesmo e eu consideraria isso o encaminhamento a um, também. Se a psicomotricista n for suficiente q tal um neuro p descartar uma possível agnosia visual?
    Espero que tenha podido ajudar.
    Um Gde abraço!

  5. Fernanda,
    Fico feliz por ter gostado de algumas sugestões, com ctz poderemos sim trocar materiais. Qual cidade vc reside?
    Segue meu email:robertaribeiro00@hotmail.com
    Abraços,
    Roberta

  6. Roberta mora em Limeira-SP e você?

    vamos combinar de nos falarmos mais, ou quem sabe se morarmos em cidades perto, podemos marcar um dia para nos encontrarmos.

  7. Leticia

    Li sua sugestão, obrigada pela coloboração, sei que as vezes as informações que colocamos, não ficam totalmente claras, podem dar duplo sentido, essa criança tem noção de lateralidade, anda, fala normalmente, tem memoria, lembra de muita coisa, o problema dela é na fase de retenção das informações, por parte da aprendizagem escolar, esse ano essa criançca esta tendo muitas dificuldades em aprender as materias, pois não consegue reter todas as informações é mais na parte de aquisição da memoria.

    No seu exemplo, se for perguntado onde esta cada coisa, ela saberá falar, pq é algo que já foi aprendido anteriormente, o que ele tera dificuldade é nas coisas novas em que aprenderá, ex: aprender como se faz uma conta de matematica, não consegue reter, gravar os mecanismos para realizar a conta, entende….

    Espero que todos continuem me ajudando, pois está sendo de muita valia as sugestões de vocês!!!

    Muito grata

    Fernanda
    Psicóloga

    email: fernanda_nasci@yahoo.com.br
    msn: fernandap11@hotmail.com

  8. Fernanda, acredito que já tenha avaliado as funções cogntivas, aplicado WISCIII, SPAN…enfim algumas dessas avaliações para se ter claro onde se encontra o problema. Claro, que nosso cerebro é uma caixinha de surpresa e nem sempre um caso é igual ao outro.
    Em relação minha residencia, moro em Bauru, acho que não é muito longe…
    Espero seu email ou se for o caso por aqui mesmo, dentro da ética né????nomes ficticios para os pacientes….rsss
    Roberta

  9. Olá Fernanda, no caso além da dificuldade na memória de trabalho e em reter novas informações, você apontou dificuldades significativas de perceção visual, coordenação visuo motora e visuo-construção… Essa organização perceptiva, ou seja, a percapção mais adeuqda dos estímulos provenientes do ambiente também são importantes para o estabelecimento da aprendizagem, por exemplo a realização de cálculos matemáticos exigem também a orientação espacial para organizar adequadamente a posição dos números… Não sei se é o caso da sua paciente mas ela pula linhas para escrever? Se perde no meio da leitura de textos? Não tem boa percepção de figura-fundo? Não consegue reproduzir traçados e desenhos semelhantes a um modelo? Caso ela apresente essas dificuldades, atividades que trabalhem a percepção visual, orientação espacial, capacidade de visuo-construção são interessantes de serem implementadas no programa de intervenção. Isso pode inclusive facilitar o processo de retenção de novas informações, pois a interpretação correta dos estímulos é necessária para viabilizar a memorização e aprendizagem correta das novas informações.
    Se esse for o caso podemos pensar em atividades para trabalhar esses aspectos.
    Carolinne Linhares
    Terapeuta Ocupacional

  10. Então Fernanda, se for possível para a paciente, indicaria acompanhamento terapêutico ocupacional para trabalhar as questões da percepção visual, avaliar o ambiente escolar os materiais escolares e ver possíveis adaptações. Como sugestão de atividades podem ser realizados caça-palavras (que trabalha bem a questão de figura-fundo, além da realização de estratégias para estabelecer a varredura visual), jogos como lince e quebra-cabeça, este último exige raciciocínio, visuo-construção e orientação visuo-espacial e também figura-fundo, podem ser realizados jogos de tabuleiro que vc pode confeccionar, enfim há um grande número de atividades possíveis que devem envolver temáticas do interesse e contexto da criança. Algumas atividades de desenho, onde ela tenha que realizar traçados completar modelos, de labirinto, jogo dos erros, atividades de leitura e escrita onde se trabalhe com textos com letras adaptadas epaçamentos maiores e demarcados num nível em que ela possa começar a desenvolver estratégias compensatórias às suas dificuldades. Para isso você pode trabalhar com livros infantis, letras de música enfim… Seria interessante o acompanhamento com TO pois essas atividades precisam ter relação com o cotidiano da criança, o treino de estratégias compensatórias exige a capacidade de analisar as habilidades e potencialidades da criança, bem como as demandas de cada etapa da atividade e adequá-las para graduar o nível de dificuldade das mesmas. Enfim essas são minhas sugestões, qualquer dúvida vc posta e a gente vai se falando!!!
    Abraços
    Carol

  11. Oi Fernanda,
    Não precisa agradecer fico feliz em colaborar, afinal acho que esse espaço também serve para trocas…
    O email é: carolinnelinhares@yahoo.com.br Se você tiver ficado com dúvidas ou precisar de algum esclarecimento maior, ou mesmo mais d3etalhamento em relação à alguma informação, é só enviar um email ok?!
    Abraços,
    Carol

  12. Oi Fernanda, sou Ana Karla terapeuta ocupacional, moro em Natal e posso te afirmar tudo o que a Carol já comentou. Porém, além das informações prestadas posso incluir que esta criança é uma forte candidata a ser tratada com a integração sensorial, onde inclui todo o contexto de desempenho motor e cognitivo. Esta intervenção vensendo aplicada com sucesso em crianças com distúrbios de apendizagem. Minha monografia de conclusão de curso é justamente este tema; integração sensorial em crianças com distúrbios de aprendizagem. Por isso, sugiro que vc pesquise mais sobre integração sensorial e verá o quanto ela se encaixa neste contexto.
    Esta intervenção requer um conhecimento mais aprofundado e direcionado. Em São Paulo, existe uma excelente TO, com uma clínica super equipada e especializada em inegração sensorial, ela me ajudou bastante nas pesquisas para finalizar minha monografia, o nome dela é Lígia Maria de Godoy Carvalho (terapeuta ocupacional).
    Na internet vc encontrará muitos estudos sobre esta intervenção. Sugiro que vc pesquise um pouco. Caso queira entrar em contato comigo aí vai meu email:anakpaula2005@yahoo.com.br
    Um grande abraço e sucesso em suas intervenções.

  13. ANA Paula,estou encantada com a busca de soluçoes para progredir com o tratamento desse seu paciente. Acredito que se voce retomar as atividades desde o rolar,pular,plantar bananeira, passar entre objetos bem próximos,sentir na pele as sensaçoes termícas e aí destacar inicialmente o seu lugar e trocando as marcaçoes gradativamente para que ele comece a perceber que precisa da atençao,para se situar e por aí vai acontecendo os avanços,aumentando os desafios.

    abraços
    Luiza Brasil-TO.

    • Oi Luiza! Obrigada por suas dicas. Ah! Esse caso é de uma de nossas leitoras. Estamos abrindo espaço para alguns estudos que chegam até nós por email. Bjs! Ana Paula

  14. Esta criança não poderia ter TDAH – Transt. de Déficit de Atenção, com prevalência de déficit de Atenção??? Pois a dificuldade de organização, dificuldade de leitura, de reter informação oral, dificuldade com matemática, de se perder na leitura, etc…

  15. que criança sofrida… vamos valorizar o que ela consegue fazer
    de bom para levantar sua auto estima. Ja que a sua interaçao com a linguagem oral, embora repetitiva, esta se processando,iniciar atraves dela com exercicios repetivos e cumulativos.A Soc.Bras.Dislexia, oferece um caderno excelente sobre algumas das dificuldades dessa criança no que se refere a alfab etizaçao.O processamento auditivo deveria ser investigado.A criança ouve bem os sons da fala, tanto é que ela tem linguagem oral, porem nao processa as informaçoes adquiridas. Dificuldade para simbolos esta presente. Respeitar o seu ritmo de aprendizagem e muito trabalho.Inserir a familia no processo. .Sueli

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