No meu coração mora uma maçã, a da Apple. Quem aqui não sabe o quanto amo (faço propaganda!!!) o iPhone e o iPad?? Vários posts já foram escritos aqui “na defesa” desses brinquedinhos tanto para o cotidiano quanto para a prática terapêutica.
Vida digital à parte, meu sogro brinca dizendo que meus filhos já nascerão com iPhones, e que por meio deles irão interagir com os pais e com o mundo. Diga-se de passagem que meu marido é viciado em tecnologia, para ser mais exata nos “brinquedinhos da Apple”, daí tanta brincadeira……
Mas sabe o que andei lendo? Que essas minhas/nossas paixões podem não ser tão boas e estimulantes para menores de 2 anos. Aí vaí a notícia:
O desenvolvimento é otimizado quando as crianças se envolvem em atividades que são cognitivamente e sensorialmente estimulantes. Em outras palavras, quando eles fazem coisas que os colocam diante de novos “quebra-cabeças” para resolver ou diante daquilo que vai fazê-los sentir coisas novas.
A maioria das telas (seja da televisão ou do iPad) pedem atenção de forma passiva, você simplesmente para e começa a observá-los. Embora existam jogos de puzzle para crianças mais velhas e adultos, não existem jogos de puzzle interessantes para crianças menores de 2 (até porque vocês vão chegar a conclusão que seria difícil desenvolvê-los).
As telas proporcionam um ambiente muito limitado do ponto de vista sensorial. Para comprovar passe a mão sobre um tapete ou no sofá, nessas experiências há o contato visual e a textura. Agora, faça a mesma coisa sobre a tela do seu iPad. O que é mais interessante e que proporciona uma experiência mais rica do ponto de vista sensorial? O que é mais complexo?
Nessa “disputa”com as telas ganha o brincar com blocos ou bichos de pelúcia ou panelas e frigideiras, pois esse fornece mais informação sensorial complexa a um bebê em desenvolvimento, o que não é o caso das telas.
Mas não existem telas visualmente estimulantes? Sim, existem, mas telas apresentam informação em duas dimensões, é complicado resconstruir para bebês um mundo tridimensional. As telas têm cores brilhantes e saturadas, raramente têm sombras. Mais importante, as telas não requerem que os olhos do bebê se concentrem em coisas que estão a distâncias diferentes.
Telas – e a falta de luz solar – são ruins para os olhos em desenvolvimento. Olhando para as telas por muito tempo pode-se fazer com que o músculo dos olhos do bebê caminhem para a atrofia. Certamente já faz isso em adultos. Além disso, se pisca menos quando olhamos para as telas, e nossos olhos se tornam secos.
Qual o efeito que isso tem no desenvolvimento de bebês? Ninguém sabe ainda, mas sabemos que bebês e crianças precisam de luz solar por um bom tempo em contato com seus olhos para que se desenvolvam normalmente. E olhar para telas não proporciona isso.
Com as telas o “pingue-pongue” da interação entre os bebês e os pais está prejudicado. Esse pingue-pong acontece quando a mãe ri e o bebê ri de volta, a mãe dá língua e o bebê imita. Esses intercâmbios são a base da linguagem (da troca da informação) e estabelece um padrão de comportamento coordenado.
No que diz respeito ainda a comunicação, falar com os bebês é importantíssimo. As telas “podem falar” (embora algumas não o façam), mas o ambiente de linguagem que elas fornecem é muito menos rico que o ambiente de idioma que você tem no “mundo real”. Além disso, o “pingue-pongue”da linguagem fica prejudicado mais uma vez.
Quanto mais rica a experiência de linguagem infantil, maior o vocabulário, maior será a “inteligência superior” e melhores podem ser os tempos da escola.
Bronfenbrenner Wites, pesquisador, disse: “O desenvolvimento, ao que parece, ocorre através do processo de troca progressivamente mais complexas entre uma criança e outra pessoa, especialmente alguém que está “louco” por aquela criança.”
Os bebês podem aprender sim interagindo com um ambiente pobre cognitivamente, como o de um ipad, mas o fazem de forma lenta e ineficiente.
Brincar de esconde-esconde, lendo um livro, rolando no chão com o cão ou batendo em panelas com colheres é o melhor para todos eles.
Por que “empurrar” os bebês para viver em um deserto digital quando eles podem crescer em um ambiente muito mais rico – o mundo real?
Depois disso, sogrinho, acho que os meus bebês só ganham iPad depois dos 2 anos! kkkk
Fonte: Psychology Today
Foto: Ben Atkin
Belíssimo post!
Como terrapeuta ocupacional isto estava óbvio!