Diferença entre Fisioterapeuta e Doula, o que significa e o que cada uma faz?

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Durante a gestação, ocorrem diversas modificações necessárias para o perfeito crescimento e desenvolvimento do feto. Todavia, essas modificações podem levar a quadros de dor e limitações nas atividades diárias de algumas gestantes, principalmente daquelas que apresentavam alterações posturais prévias. É neste contexto que as gestantes são encaminhadas para acompanhamento fisioterapêuticos, para alívio de dores e desconfortos, prevenção de disfunções como as musculoesqueléticas e uroginecológicas, ou com o objetivo de realizarem uma atividade física orientada, visando um período gestacional e puerpério (pós – parto) com mais qualidade.

O fisioterapeuta utiliza técnicas de alongamentos de determinados grupos musculares, reeducação respiratória, exercícios para musculatura do assoalho pélvico, além de todo um trabalho de conscientização postural, não se esquecendo de que o ser humano é único, individual, e dessa forma traçando um plano de tratamento individual e adequado para cada pessoa.

Antes de iniciar qualquer atendimento, o profissional de fisioterapia deve fazer uma avaliação, onde é abordada a anatomia, fisiologia, biomecânica pelas quais as gestantes passam ao longo de sua gestação e sim depois traçar um plano de tratamento adequado a cada caso. No caso de atividades físicas, o atendimento será sempre monitorado, onde a frequência cardíaca não ultrapassa de 130 bmp e pressão arterial aferida antes de depois de cada atividade para saber se está tudo bem com a mãe e bebê. Escolhi fazer um trabalho com atendimentos domiciliares, para a paciente sentir-se mais familiarizada com o ambiente, facilitando a interação paciente-terapeuta e a indicação personalizada de exercícios a ser realizado, o que proporciona melhor resposta ao tratamento.

Os benefícios para gestantes com esses tratamentos:

  • Alívio de dores,
  • Melhora os desconfortos respiratórios,
  • Redução dos inchaços da gravidez,
  • Relaxamento do corpo,
  • Diminuem as cãibras, melhora a função intestinal,
  • Melhora a auto-estima,
  • Proporciona bem-estar físico e emocional,
  • Prepara os membros superiores para a demanda do dia da mãe,
  • Desenvolve a musculatura do assoalho pélvico e abdominal,
  • Promover uma recuperação mais rápida no pós-parto.

O período pós-parto ou puerpério (Pós – parto imediato hospitalar do 1° ao 10° dia)

OBS: Voltado mais para cesarianas

O período após o parto é chamado de puerpério, quando as modificações locais e sistêmicas provocadas no organismo da mulher pela gravidez e parto retornam ao estado pré-gravídico.

No período do puerpério imediato hospitalar, trabalha-se:

  • Posicionamento no leito;
  • Exercícios circulatórios de membros inferiores;
  • Drenagem Linfática,
  • Alongamentos;
  • Exercício de conscientização e reeducação da musculatura do Assoalho Pélvico no leito (prevenindo incontinência urinária futuras);
  • Desenvolver trabalhos respiratório,
  • Deambulação;
  • Orienta-se quanto à posição de amamentação;
  • Cuidados com as mamas;
  • Incentivo ao aleitamento materno;
  • Orientações posturais;
  • Funções intestinais e miccionais;
  • Vida sexual;
  • Retorno às atividades físicas e de vida diária.

No pós-parto tardio, o fisioterapeuta inicia os trabalhos assim que houver liberação do médico, geralmente entre 45 a 60 dias após o parto.

  • Promover a recuperação pós-parto;
  • Orientar quanto às alterações fisiológicas do puerpério;
  • Restabelecer a circulação adequada, evitando ou tratando problemas como varizes e edema (inchaço);
  • Promover uma reeducação postural;
  • Orientar quanto à mecânica corporal correta;
  • Prevenir ou promover alívio das dores em membros, através de técnicas como alongamento, crioterapia, eletroterapia (aplicação de correntes que promovem analgesia), massoterapia e relaxamento;
  • Manter a função e força abdominal através de exercícios adequados para mulheres pós – parto com ou sem diástase abdominal, se tiver diátese, será feito uma avaliação para ver se volta ao normal com fortalecimento ou só com cirurgia, isso vai depender do seu grau dessa diástase.

As gestações de alto risco

O fisioterapeuta dá orientações sobre esta gestação especial e, respeitando o repouso imposto pelas patologias, mantém a mãe em movimento, elaborando exercícios seguros e adequados para a sua saúde, prevenindo, assim, alguns dos problemas decorrentes da gestação e proporcionando maior qualidade de vida para que a gestante possa aproveitar ao máximo este período, dentro de suas limitações.

E uma Doula?

A palavra “doula” vem do grego “mulher que serve”. Nos dias de hoje, aplica-se às mulheres que dão suporte físico e emocional a outras mulheres antes, durante e após o parto.

Antigamente, a parturiente era acompanhada durante todo o parto por mulheres mais experientes, suas mães, as irmãs mais velhas, vizinhas, geralmente mulheres que já tinham filhos e já haviam passado por aquilo. Depois do parto, durante as primeiras semanas de vida do bebê, estavam sempre na casa da mulher parida, cuidando dos afazeres domésticos, cozinhando, ajudando a cuidar das outras crianças.

Conforme o parto foi passando para a esfera médica e nossas famílias foram ficando cada vez menores, fomos perdendo o contato com as mulheres mais experientes. Dentro de hospitais e maternidades, a assistência passou para as mãos de uma equipe especializada: o médico obstetra, a enfermeira obstétrica, a auxiliar de enfermagem, o pediatra. Cada um com sua função bastante definida no cenário do parto.

O médico está ocupado com os aspectos técnicos do parto. As enfermeiras obstetras passam de leito em leito, se ocupando hora de uma, hora de outra mulher. As auxiliares de enfermeira cuidam para que nada falte ao médico e à enfermeira obstetra. O pediatra cuida do bebê. Apesar de toda a especialização, ficou uma lacuna: quem cuida especificamente do bem estar físico e emocional daquela mãe que está dando à luz? Essa lacuna pode e deve ser preenchida pela doula ou acompanhante do parto.

O ambiente impessoal dos hospitais, a presença de grande número de pessoas desconhecidas em um momento tão íntimo da mulher, tende a fazer aumentar o medo, a dor e a ansiedade. Essas horas são de imensa importância emocional e afetiva, e a doula se encarregará de suprir essa demanda por emoção e afeto, que não cabe a nenhum outro profissional dentro do ambiente hospitalar.

O que a doula faz?

Antes do parto a ela orienta o casal sobre o que esperar do parto e pós-parto. Explica os procedimentos comuns e ajuda a mulher a se preparar, física e emocionalmente para o parto, das mais variadas formas.

Durante o parto a doula funciona como uma interface entre a equipe de atendimento e o casal. Ela explica os complicados termos médicos e os procedimentos hospitalares e atenua a eventual frieza da equipe de atendimento num dos momentos mais vulneráveis de sua vida. Ela ajuda a parturiente a encontrar posições mais confortáveis para o trabalho de parto e parto, mostra formas eficientes de respiração e propõe medidas naturais que podem aliviar as dores, como banhos, massagens, relaxamento, etc..

Após o parto ela faz visitas à nova família, oferecendo apoio para o período de pós-parto, especialmente em relação à amamentação e cuidados com o bebê.

A doula e o pai ou acompanhante

A doula não substitui o pai (ou o acompanhante escolhido pela mulher) durante o trabalho de parto, muito pelo contrário. O pai muitas vezes não sabe bem como se comportar naquele momento. Não sabe exatamente o que está acontecendo, preocupa-se com a mulher, acaba esquecendo de si próprio. Não sabe necessariamente que tipo de carinho ou massagem a mulher está precisando nessa ou naquela fase do trabalho de parto.

Eventualmente o pai sente-se embaraçado ao demonstrar suas emoções, com medo que isso atrapalhe sua companheira. A doula vai ajudá-lo a confortar a mulher, vai mostrar os melhores pontos de massagem, vai sugerir formas de prestar apoio à mulher na hora da expulsão, já que muitas posições ficam mais confortáveis se houver um suporte físico.

O que a doula não faz?

A doula não executa qualquer procedimento médico, não faz exames, não cuida da saúde do recém-nascido. Ela não substitui qualquer dos profissionais tradicionalmente envolvidos na assistência ao parto. Também não é sua função discutir procedimentos com a equipe ou questionar decisões.

Vantagens

As pesquisas têm mostrado que a atuação da doula no parto pode:

  • diminuir em 50% as taxas de cesárea
  • diminuir em 20% a duração do trabalho de parto
  • diminuir em 60% os pedidos de anestesia
  • diminuir em 40% o uso da oxitocina
  • diminuir em 40% o uso de forceps.

Embora esses números refiram-se a pesquisas no exterior, é muito provável que os números aqui sejam tão favoráveis quanto os acima mostrados.

Na fisioterapia também tem o acompanhamento durante o trabalho de parto, mais muitas não seguem os “padrões” das doulas e eu preferi segui o delas, onde a humanização prevalece. Então acho que deu para entender um pouco sobre a diferença entre os dois trabalhos né?

Texto by Ana Cris Duarte. Reproduzido por:

Mariah Coeli. Fisioterapeuta Especialista em Fisioterapia Dermato-Funcional (estética) e Fisioterapia Uroginecologia e Obstetrícia pela Interfisio – Recife e Doula. contato: fisioedoulamariahcoeli@gmail.com. Blog: Fisio e Doula Mariah Coeli.

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fotografia: ilyoungko

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