Como melhorar de forma eficaz o atendimento de autistas

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Hoje eu quero compartilhar com vocês o que tenho aprendido em minha jornada musical com meu lindos anjos azuis. Às vezes eu sou mais “o aprendiz” do que “o mestre” de meus alunos com TGD.

Então segue algumas considerações de minhas práticas e que trouxe mudanças significativas nos comportamentos das crianças que trabalho:

1 – Ser o “aprendiz” ao invés de “mestre”

É preciso ter a sensibilidade para entender que é preciso prestar a atenção nos interesses das crianças. Observe o que a criança está interessada para depois envolvê-la em suas propostas.

Eu tenho um aluno não verbal que respondia à poucos estímulos e eu não sabia mais o que fazer, quando ele se levantou, foi até a estante e pegou uma maraca e escondeu debaixo do tatame. Na mesma hora me deu um estalo e comecei uma atividade de percepção auditiva. Escondia a maraca e perguntava: “cadê a maraca? Achou a maraca”. Depois ele mesmo escondia para que eu o perguntasse. Até que em um momento, meu aluno não verbal, respondeu: “Maaca”. Foi o dia mais emocionante da minha vida e que reafirmou a minha paixão pelo meu trabalho.

2 – Comece com o sensorial

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Pessoas com autismo tem diferentes necessidades sensoriais. Procurar um terapeuta ocupacional irá ajudar nessas questões. Eu sempre procuro a opinião e supervisão de um especialista em Integração Sensorial para que meu trabalho seja mais eficiente.

Se a criança está buscando sensorial, você pode começar as suas sessões  pulando em um trampolim para uma batida rítmica. Se a criança está super ativa e precisa ser acalmada, você pode fornecer estimulação tátil leve com penas ou bolas de algodão como você canta. A bola também é um ótimo recurso para ajudar no sistema vestibular e proprioceptivo.

Tenho um aluno que é extremamente sensorial. No início era muito difícil trabalhar com ele até que descobri se começasse com atividades sensoriais, ele se regulava e eu conseguia colocar em pratica as aulas de música. Com o bambolê por exemplo, diminuímos os movimentos rotatórios que ele fazia sem parar. Com a bola consegui além de trabalhar ritmo, equilíbrio e uma sensação de conforto como um acalanto.

3 – Usar o silêncio tanto quanto usamos os sons musicais

Ao cantar uma música, deixe um espaço para criar oportunidade para a crianças completar. Ou ao fazer uma pergunta espere alguns segundos para ver se a resposta vem. Se a criança não conseguir cantar uma palavra ou frase, ensine um gesto para substituir a lacuna.

4 – Pista visual, calendário de atividades

quando de horario

 Você pode organizar e estruturar suas aulas com um quadro das atividades musicais que serão realizadas no dia. Isso pode ajudar com alunos que possuem intolerância a tempo de espera, ansiedade…

Mas isso não precisa ser usado de forma rígida e você pode alterar a ordem das atividades. Afinal de contas música é expressão livre, criatividade.

Por hoje só pessoal. Até a próxima com mais dicas.

Abraços,

Michele Senra

Prof. de musicalização especial.  Pós-graduanda em Especialização em Educação Musical pelo CBM, Pós-graduanda em Psicopedagogia Clínica e Institucional pela Uninter, Terapeuta DIR/Floortime em formação pelo ICDL/EUA,  ministra aulas de musicalização para crianças com autismo na png do qual sou co-fundadora: Centro de Otimização para a Reabilitação do Autista – CORA.

Texto e imagens: musicautista

1 COMENTÁRIO

  1. Parabéns professora, é bem por aí… Trabalho como você, a partir do interesse da criança. É mais prazeroso para ela e para mim. O trabalho flui bem desta forma. Legal suas dicas para quem não tem conhecimento. Um abraço

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