Aposentadoria: precisamos “preparar” não apenas “planejar”

235

O trabalho é uma ocupação que permeia boa parte da vida adulta. Um dos desafios do envelhecimento está na saída do trabalho e na vivência da aposentadoria que chega a representar 1/3 da vida adulta. Os desafios podem ser diversos e, muitas vezes, com um impacto gigantesco do idadismo/ageismo.

(Leia mais sobre Ageismo: Ageismo ou Etarismo: o que é , como surgiu?)

Hoje, a aposentadoria, tanto o estágio da vida quanto o negócio de aconselhamento que o sustenta, se baseia em uma palavra – “plano”. As palavras importam. Embora sutil, a diferença entre um “plano” de aposentadoria e estar “preparado” para a aposentadoria é mais do que retórica. A palavra plano é um substantivo – é uma coisa. Podemos fazer um plano, seguir um plano e, em algum momento no futuro, executar um plano, mas um plano por si só não prepara você para a aposentadoria.

Planejar versus preparar

Uma lista de compras, por exemplo, é um plano. Os alimentos podem ser listados e as receitas futuras ricamente imaginadas, mas se eu não for à loja, colocar a comida na minha prateleira, não vou jantar tão cedo. Um plano de aposentadoria, como uma lista de compras, é uma intenção – certamente um primeiro passo necessário para viver na aposentadoria, mas não completo. Um plano de aposentadoria é a chave para garantir a segurança financeira, mas deixa a desejar sobre como alguém pode realmente viver na aposentadoria. O dinheiro, assim como a eletricidade, é necessário para quase tudo, mas tanto o dinheiro quanto a eletricidade são facilitadores, não os lugares, bens e serviços reais que são essenciais para uma vida bem-sucedida. Efetivamente, o planejamento é necessário, mas insuficiente, deixa inacabada a própria preparação para nossos anos de aposentadoria.

Em contraste com a palavra plano, “preparar” é um verbo – trata-se de agir. Preparar-se para a longevidade implica identificar e, tanto quanto possível, colocar em prática as preferências, coisas, pessoas e serviços que serão necessários para viver bem na aposentadoria. Pense nisso como preparação para a longevidade – a visão consciente e a solução para os muitos e diversos desafios que enfrentaremos na velhice.

Estudos do MIT AgeLab indicam que, quando solicitados a identificar seus objetivos na aposentadoria, as pessoas tendem a pintar um futuro imaginado visto com mais frequência em folhetos de aposentadoria. Uma vida futura caracterizada por uma ambiguidade ensolarada que inclui viagens e netos normalmente mostrando pouco reconhecimento das escolhas e mudanças à frente. Em vez de deixar ao acaso a aposentadoria –  quase um terço da vida adulta – a preparação para a longevidade requer abordar não apenas nossos objetivos na aposentadoria, mas as questões práticas de como você pode realmente viver na aposentadoria. Por exemplo, onde viver na aposentadoria?

De acordo com a AARP – The American Association of Retired Persons, a maioria das pessoas com mais de 50 anos gostaria de “envelhecer no local” (aging in place), ou seja, ficar na casa em que vive hoje. Infelizmente, quase metade deles também indica que não acredita que será capaz de fazê-lo.

Uma pesquisa de 2019 com usuários do Houzz mostrou que 85% dos que investem em reforma de casas eram baby boomers e membros mais velhos da Geração X. Serviços inovadores estão surgindo para ajudar as pessoas a se prepararem para o envelhecimento em casa. Esses dados e realidades são de fora do Brasil, mas podem nos ensinar algumas coisas. A partir destas demandas mostradas na pesquisa, a Lowe’s Home Improvement, em colaboração com a AARP, lançou o Lowe’s Livable Home para oferecer não apenas produtos e serviços para permitir o envelhecimento no local, mas educação para informar aos clientes o que pode ser necessário para se preparar para a capacidade de fazê-lo. Uma abordagem de preparação para a aposentadoria para a longevidade transforma o desejo e o investimento em uma reforma da casa em uma oportunidade para melhorar a capacidade de envelhecer no local.

A preparação para a velhice não é menos complexa, na verdade pode ser mais, do que a preparação para as fases iniciais da vida. A identificação de pessoas e atividades para garantir o bem-estar e o envolvimento social, prestadores de serviços domiciliares confiáveis, possíveis alternativas de transporte, apoio aos cuidados e muito mais são fundamentais para o bem-estar na aposentadoria.

A maioria de nós se preparou para a faculdade, se preparou para a carreira, se preparou (o melhor que pudemos) para a paternidade — por que a aposentadoria deveria ser diferente de qualquer outra fase da vida? Palavras e ações importam. Você está preparado para a aposentadoria ou apenas planejando?

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.