10 dicas de como discutir puberdade com crianças com deficiência

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Não é fácil falar com qualquer criança sobre as mudanças que o corpo passa durante a puberdade. Mas o desafio de explicar pode ser maior quando a criança pode ou não entender porque têm disfunções que comprometem a compreensão ou a expressão de dúvidas e opiniões.

Aqui está um passo- a-passo, que é uma sugestão, de como podem ser discutidas as mudanças físicas e emocionais que ocorrem nessa fase:

1 . Escolha um momento privado

Escolha um momento que pode falar com a criança em particular para não gerar uma situação de constrangimento. Prepare-se para qualquer reação, tipo risadas descontroladas. Fique atento porque essa pode ser uma reação que sinalize que a criança não está à vontade e aquele pode não ser o momento. Tenha sensibilidade para reconhecer esses momentos e perceba que essa conversa deve surgir de forma natural.

2 . Pergunte o quanto seu filho já sabe

Esse pode ser um começo! Doug Goldberg, um blogueiro de Educação Especial, recomenda perguntar o que a criança já sabe como um ponto de partida para a conversa.  A maioria das crianças estão conscientes das diferenças físicas entre crianças e adultos por viver momentos simples como a mudança de roupas e por presenciar o banho do papai ou da mamãe.

3. Use termos cientificamente corretos

Crianças com algumas doenças ou deficiências, como Autismo, pode perseverar em uma determinada palavra ou frase e usá-la para o resto de suas vidas. Por esta razão, é importante desde o início usar a terminologia científica para partes do corpo e funções. Muitos adultos nem sabem os termos corretos, então é importante procurá-los de antemão. Por exemplo , as meninas têm vulva, grandes lábios, pequenos lábios , clitóris, uretra e vagina. Os meninos têm testículos , a bolsa escrotal (ou saco escrotal), pênis, glande e uretra.

Alguns pais temem que os termos científicos sejam muito complicados para os seus filhos, mas esses termos realmente podem simplificar as coisas a longo prazo porque não podem ser confundidos com outros conceitos.

4 . Esclareça que cada um tem seu tempo

Um corpo em mudança (rápida ou vagarosa) pode ser motivo de ansiedade ou alarme para algumas crianças. Esclarecer que as mudanças corporais todos vão passar, alguns mais rapidamente do que outros, é normal! Cada um no seu tempo. O importante é esclarecer que o corpo de cada pessoa muda de uma forma que é adequado para aquela pessoa.

5. Ler um livro

Para algumas crianças são mais fáceis explicações visuais que verbais. Histórias sociais podem ser uma forma de criar curiosidades quanto a puberdade, e eles podem ter essas histórias como uma referência sempre que necessário.

Existem também alguns livros ilustrados sobre a puberdade para crianças mais novas aprenderem sobre as mudanças do corpo. (Vocês têm alguma sugestão de livros com esse tema? Comentem e sugiram!)

6. Explique os estágios da puberdade

Os filhos precisam de exemplos específicos para entenderem as mudanças. Mostre como e porque ele deve usar desodorante. Use exemplos práticos ao longo de várias conversas para esclarecer sobre as fases que resultam em mudanças como as de altura, voz , condição da pele e humor. Saliente que tudo não acontece de uma vez – na verdade existem cinco estágios de puberdade durante um período de quase 10 anos.

7. O Corpo é sagrado

Uma coisa que sempre se deve enfatizar para as crianças é que seus corpos são sagrados, e eles são responsáveis pelo cuidado e bem-estar deles. Use exemplo de avôs que são ativos e animados mesmo idosos – um grande exemplo de alguém que tomou conta de seu corpo e que tem uma vida longa e feliz. Enfatize as coisas positivas que a criança faz todos os dias para manter a sua saúde e força – exercício, hábitos saudáveis ​​de alimentação, higiene – todos estes são sinais de sua autoestima e senso de cuidado.

8. Falar sobre o que é inapropriado

As estatísticas sobre o abuso sexual de pessoas com deficiência física e intelectual são surpreendentes e de partir o coração: são de 4 a 10 vezes mais propensos a serem vítimas de violência sexual do que as pessoas sem deficiência, e apenas 3% desses ataques são relatados à polícia.Portanto, é obrigatório fornecer informações sobre o que fazer se alguém tentar algo  impróprio.

Explique que ele tem uma escolha de abraçar e de beijar quem quiser. Se ele não quer participar na partilha de afeto, ele está sempre autorizado a dizer não. (Mesmo se a vovó só quer dar beijo de adeus)

Tenha certeza que ele entendeu que pode dizer não, mesmo para um adulto que respeita e deve obediência. Ninguém ficaria chateado com ele por dizer a verdade  Faça também uma lista dos adultos de confiança que ele pode se aproximar em uma emergência. Isso é algo que nunca deve ser mantido em segredo!

9. Disponibilidade para esclarecer dúvidas

Diga também que nada vai ser surpreendente, que ele pode perguntar tudo e  ainda terá o amor das pessoas, não importa o que ele precisar perguntar ou contar.

10. Repita conforme necessário

Talvez essa seja a mais importante recomendação no caso de crianças com deficiência, a maioria dessas informações podem não ficar na primeira vez que for apresentada, por isso essa é uma conversa que pode durar vários anos. Toda vez que ele vê uma ligeira mudança em seu corpo, volte ao básico novamente. Quando ele começar a esquecer-se de usar desodorante,  lembre que é necessário pelas mudanças no corpo. Se ele percebe um amigo com um novo irmãozinho ou irmãzinha, fale de reprodução. Uma coisa que deve permanecer na mente da criança desde o começo: a certeza que seus pais vão sempre ser honestos e francos com ele e que isso nunca vai mudar.

fonte: friendshipcircle  imagem: cavale

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Sou terapeuta ocupacional de formação, comunicadora por dom e experiência ao longo dos 10 anos frente ao reab.me; empresária que aposta na produção de produtos e conteúdos significativos e com propósito para ajudar as pessoas que precisam dos cuidado da reabilitação. Editora-chefe do Reab.me. Terapeuta Ocupacional (UFPE) com especialização em Tecnologia Assistiva (UNICAP). Mestre em Design (UFPE). Sou autora de 4 livros de exercícios para estimulação cognitiva que servem como material de apoio em contextos terapêuticos que visam a manutenção ou melhora de disfunções cognitivas. Sendo eles: - 50 exercícios para estimulação cognitiva: o cotidiano em evidência; - 50 exercícios para estimulação cognitiva: a culinária em evidência; - 50 exercícios para estimulação cognitiva: a família em evidência; - 50 exercícios para estimulação cognitiva de crianças com dificuldades de aprendizagem. No mais, sou Ana, esposa de Fábio, mãe de Olga e Inácio. Praticante de meditação e yoga.

2 COMENTÁRIOS

  1. Parabéns pela matéria, trabalho com temas relacionados a Saúde do Adolescente em Curitiba, meu filho tem 10 anos é autista e já utilizei a caderneta do Ministério da Saúde p/ ilustrar desenvolvimento sexual e reprodutivo na adolescência, entre outros temas, segue link das cadernetas, que podem ser encontradas também nas Unidades de Saúde, espero que ajude, abas
    bvsms.saude.gov.br/bvs/…/caderneta_saude_adolescente_menina.pdf‎, bvsms.saude.gov.br/bvs/…/caderneta_saude_adolescente_menino.pdf‎

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