Vamos para o Teatro? – Savana Glacial

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Mulher perde a capacidade de evocar fatos recentes e fica presa à visão de mundo do marido.

Fisicamente, vivemos o momento presente. Mas não raro nossos pensamentos estão voltados para o que passou ou para o amanhã: é esse “arquivo de lembranças” que nos desperta, por exemplo, a vontade de encontrar uma pessoa querida ou de evitar alguém que nos causou algum tipo de sofrimento. A falta desse arquivo nos deixaria, portanto, perdidos e indefesos – é esse o drama vivido por Meg, protagonista da peça Savana glacial, com apresentações agendadas em Brasília e Porto Alegre. O espetáculo traz uma interessante abordagem sobre a memória: a de que acontecimentos são assimilados e distorcidos de acordo com a história pessoal de cada um.

Meg sofre de perda de memória recente, sequela de um acidente de carro. Ela passa os dias sem sair do pequeno apartamento em que vive com o marido, o escritor Michel, que, sob o pretexto de garantir “uma vida tranquila e sem sobressaltos” à mulher, não permite que ela atenda ao telefone ou conheça pessoas sem a sua presença. Na tentativa de não esquecer, Meg anota em uma caderneta fatos banais de seu cotidiano e o que observa sobre as pessoas que batem à sua porta. Uma delas é a misteriosa vizinha Agatha, que desempenha um papel duplo na vida do casal: ao mesmo tempo que faz intrigas, tenta convencer a protagonista a se libertar da influência controladora do marido. No ar, fica a sugestão de uma traição amorosa, por vezes nítida, por vezes vaga. “A estrutura da peça é fragmentada, como a mente do personagem central”, diz o autor do texto, Jô Bilac.

Refém das lembranças alheias, Meg tenta distinguir o que é realidade do que é pura imaginação de seu marido escritor, até que a presença de um entregador no apartamento do casal desencadeia flashbacks de eventos dolorosos que haviam sido esquecidos. O resultado é um quebra-cabeça de memórias que se contradizem. “A verdade de Meg existe pela confiança no marido. Quando esse alicerce é questionado, as angústias adormecidas começam a vir à tona”, comenta a intérprete da personagem, a atriz Andreza Bittencourt.

Para o pessoal de Brasília e Porto Alegre: Savana glacial. Teatro Oi. SHTN Trecho 1, Lote 1-B, Bloco C, Brasília. Dias 8 e 9 de abril, às 21h. R$ 25,00. Informações: (61) 3424-7121. Sesc Porto Alegre. Rua Alberto Bins, 665, Porto Alegre. Dia 12 de maio. Horário e preço do ingresso ainda não definidos. Informações: (51) 3284-2070 ou http://grupofisicodeteatro.blogspot.com/p/agenda-2011.html

Fonte e Foto : Mente e Cérebro

 

1 COMENTÁRIO

  1. O enredo de “Savana Glacial” é bom, porem para quem entende de dramaturgia a peça deixa muito a desejar.

    Erros de direção tornam a apresentação teatral chata, demorada, sem interação com a platéia e o tema não atinge a alma do público, de forma a não ser cômico nem comovente, é simplesmente um drama banal.

    O título ” Savana Glacial”, que deveria representar o grande deserto, ecassez e frieza de sentimentos dentro da personagem Meg, na apresentação realizada no Sesc Belenzinho, para a platéia só era possível entender o glacial, pois o ar condicionado deixou a platéia mais concentrada no frio que estava sentindo do que na própria peça.

    Os atores transformaram a peça em uma grande monotonia, a não ser no momento em que as emoções de Meg são expressas, e as encenações se tornam uma grande feira de barraco, onde não é possível compreender o que se diz.

    A expressão corporal da atriz que representa Agatha é repetitiva, e em alguns momentos vaga, pois não representa ou não transparece nenhum significado.

    Em uma hora e dez minutos, somente no momento em que os personagens Meg e o escritor Michael estão em um impasse na hora do sexo, a platéia sentiu um ar de realidade. Nesse momento os atores conseguiram encontrar a essência de seus personagens e em um show de expressão corporal representaram uma mulher mal amada e submissa sendo obrigada a fazer sexo com o marido sem nenhuma vontade, como se estivesse sendo estuprada moralmente.

    Felizmente existe um fechamento para a história de Meg, mas neste momento a platéia só não vê a hora de ir embora.

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