A aprendizagem é como uma escada, para passar ao próximo degrau o primeiro tem que está firme, consolidado, pronto para levar a criança ao próximo estágio, ao próximo degrau. Do ponto de vista evolutivo, cognitivo e psíquico algumas etapas que precisam ser consolidadas para que uma próxima se estabeleça.
Uma função é sempre dependente de uma anterior e por isso elas tem que caminhar e não PULAR etapas naturais. A criança tem que ser criança e viver cada fase do desenvolvimento. Sobrecarregar e/ou antecipar estes estágios é como deixar falhas para funções importantes da maturação cerebral.
Então, vamos falar um pouquinho sobre os estágios de desenvolvimento?

O primeiro estágio descrito e estudado por Jean Piaget ao observar o desenvolvimento dos seus filhos é o Sensório-Motor, que acontece de 0 a 2 anos.

Eu costumo dizer que esta é a fase “para toda ação uma reação”, pois é bem assim que as crianças aprendem neste estágio, elas aprendem experimentando sensações. De acordo com Piaget, esta fase corresponde basicamente a descoberta de si, do outro e do mundo e tudo isso acontece através das sensações (percepção) e ações motoras. É basicamente assim… Se eu faço cócegas no seu pezinho, ele reage tirando-o e depois me dando para fazer novamente, se eu começo a dar risadas, ele responde com gargalhadas, se eu me escondo atrás do paninho, ele vem me procurar. Todo mundo que tem ou trabalha com criança, já observou um pouquinho dessas ações que acabei de descrever e elas são SUPER IMPORTANTES!!! Então é simples, criança nessa fase tem que experimentar sensações que são geradas através das suas ações. Nessa fase é muito importante trocar, imitar, aplaudir, dialogar e deixar a criança explorar tudo que tem ao seu redor, do DEDO ao BRINQUEDO, eles precisam descobrir o mundo.

No estágio de Pensamento Pré-Operatório, que vai dos 2 aos 7 anos,  a criança já construiu através das sensações experimentadas no período sensório motor, alguns esquemas de imagens, palavras e ações. Nesta fase, ela irá explorar estes esquemas mentais através da linguagem e das relações sociais e se desenvolverá a partir das relações simbólicas, onde o imaginário, tem maior predomínio através do brincar. As crianças que vivenciam esse estágio, são egocêntricas e ainda não conseguem aceitar o ponto de vista do outro. Isso acontece, pois as relações entre o eu e o outro ainda estão sendo construídas, fora que as relações lógicas ainda são pouco exploradas e então a criança parte de um raciocínio único (o dela). É importante que neste período a criança brinque em alguns momentos sozinha e em outros com seus pares, pois em um simples brincar de bonecos, escolinha, construções, desenhos, pular corda… elas estarão mexendo nas estruturas que envolvem planejamento, organização, memória, atenção, flexibilidade cognitiva, percepção, linguagem, criatividade, imaginação… E estes são alguns dos domínios cognitivos fundamentais para a aprendizagem da leitura e escrita que estará por vir.  Nesta etapa, eles precisam vivenciar construções simbólicas e toda e qualquer aprendizagem fará mais sentido se estiver ligado ao brincar.

No estágio de Pensamento Operatório Concreto, que vai dos 7 anos até os 11 anos, a criança já consegue operar melhor sobre suas decisões, envolvendo um raciocínio para argumentar e compreender o ponto de vista dos outros. Nesta etapa, tudo que envolve o funcionamento cognitivo deve estar a todo vapor. É preciso estimular as áreas de memória, atenção e as funções executivas, que são as responsáveis por direcionar comportamentos a metas, assim como avaliar a eficiência e a adequação desses comportamentos.  Essa é a fase em que a criança começa a orquestrar seu pensamento e pensar estratégias desde o momento de como organizar seu material escolar até se virar com as atividades escolares sozinho.

 

Vamos ler mais? Aqui estão algumas referências:

Guia para estimulação do cérebro infantil: do nascimento aos 3 anos. Celso Antunes. Editora Vozes. 2009.

Piaget, Vygotsky e Wallon: Teorias Psicogenéticas em Discussão. Yves De La Taille, Marta Kohl de Oliveira e Heloysa Dantas. Editora Summus. 1992

A criança em desenvolvimento. Helen Bee. Artes Médicas. 1996

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