Terapia Ocupacional: será que nossa intervenção ainda não é a melhor?

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A questão que quero abordar aqui são as ocupações. Atualmente, com a discussão cada vez mais crescente sobre o que é a ocupação e a forma como devemos intervir “para e através dela”, estamos trilhando o caminho cada vez mais próximo do ideal.

Fui instigada a escrever este post depois da leitura de um trecho de um artigo que traz algumas informações bastante relevantes:

“[…] pesquisadores descobriram que as intervenções baseadas na ocupação nem sempre são aparentes na prática. Aiken et al. (2011), por exemplo, descobriram que entre os profissionais de terapia ocupacional havia realidades conflitantes entre “a terapia ocupacional como eles [terapeutas ocupacionais] achavam que deveria ser praticada e terapia ocupacional como realmente é praticada” (referencia do artigo está abaixo)

Nesta mesma referência é apontado que as prováveis barreiras para a “prática ideal”, ou seja, a baseada na ocupação está a restrições de tempo, demandas de produtividade, foco em resultados biomédicos e expectativas interdisciplinares que não eram consistentes com a identidade da terapia ocupacional.

Além do mais, os autores citam uma outra questão que os profissionais no estudo não parecem ter uma compreensão unificada do que constitui “ocupações significativas”, um termo que é explicado no artigo e que citamos em outro post (Leia: “Estar ocupado” faz bem ao cérebro: entenda porque a Terapia Ocupacional existe!”). De forma resumida, podemos usar do estudo em questão para definir a ocupação significativa como aquelas que promovem saúde e bem-estar porque são propositais, culturalmente relevantes, adequadas à idade e constituem ocupações que as pessoas precisam fazer e/ou espera-se que elas façam; outros aspectos estariam ligados a escolha voluntária e a conexão com as outras pessoas. Tudo isso tendo uma significativa repercussão na identidade ocupacional do sujeito.

Diante de tudo isso, quando observamos práticas ao nosso redor, corremos o risco de não ver com essa clareza o uso das ocupações. Talvez por isso, (não só por isso, mas também por isso) a clareza teórica da fundamentação precisa ser cada vez mais detalhada. Os conceitos precisam ficar mais claros, mais enxutos e até mais “populares”. Neste sentido, vemos a 4a. edição do “Estrutura da Prática Domínio e Processo”(2020) – ainda não traduzida para o português na data deste post – tão importante para nossa área.

Por fim, queria destacar aqui duas questões relevantes. A primeira delas diz respeito à menção do uso da Ciência Ocupacional no documento que citei acima:

A ciência ocupacional é importante para a prática da terapia ocupacional e “fornece uma maneira de pensar que permite uma compreensão da ocupação, da natureza ocupacional dos seres humanos, da relação entre ocupação, saúde e bem-estar, e as influências que moldam a ocupação” (WFOT , 2012b, p. 2). Muitos de seus conceitos são enfatizados em todo o OTPF-4, incluindo justiça e injustiça ocupacional, identidade, uso do tempo, satisfação, engajamento e desempenho” [tradução livre] (p. 4).

Leia mais:

Fontes:

The fourth edition of the Occupational Therapy Practice Framework: Domain and Process (OTPF–4). The American Journal of Occupational Therapy, August 2020, Vol. 74, Suppl. 2. doi:  https://doi.org/10.5014/ajot.2020.74S2001

Ikiugu, M.N., Lucas-Molitor, W., Feldhacker, D. et al. Guidelines for Occupational Therapy Interventions Based on Meaningful and Psychologically Rewarding Occupations. J Happiness Stud 20, 2027–2053 (2019). https://doi.org/10.1007/s10902-018-0030-z

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