Mulheres idosas: as mais pobres e vulneráveis entre todos os cidadãos brasileiros

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mulher idosa fazendo símbolo de vitória com as mãos

Entender, refletir e contextualizar socialmente quem cuidamos, pode ajudar nos nossos cuidados. Vamos entender quem é a “mulher idosa”?

Segundo dados do IBGE, apenas 6% da população idosa brasileira vive hoje abaixo da linha de pobreza, apenas 25% dos aposentados estão vivendo com três salários mínimos ou mais. Portanto, podemos afirmar que a maioria dos idosos brasileiros são pobres. E, é preciso lembrar que a pobreza na idade avançada é mais difícil de ser encarada pelas dependências físicas e psicológicas que podem acompanhar a velhice.

Quando pensamos na pobreza em termos de diferenças de gênero, a situação torna-se ainda mais crítica. As pesquisas voltadas para gerontologia mostram que as mulheres de idade avançada estão mais expostas à pobreza, à solidão e à viuvez, tendo mais problemas de saúde e menos oportunidades de contar com um companheiro(a) em seus últimos anos de vida.

As idosas são classificadas pelo Ministério dos Direitos Humanos como o grupo mais vulnerável entre os pobres e entre as pessoas idosas pobres, por causa das limitações da idade, das perdas e porque ter mais problemas de saúde e dependências.

Somado a este contexto, existe o problema da violência estrutural sobre as idosas: nunca no país houve compensação, reconhecimento ou direito à aposentadoria para as mulheres cujo trabalho tenha sido primordialmente doméstico. A grande maioria dessa geração de mulheres idosas dedicou toda sua vida a ser dona de casa, a cuidar dos maridos e dos filhos e por esta razão vivem hoje sem aposentadoria.

Também são as mulheres idosas, em maioria, que configuram a população cativa das instituições de longa permanência (ILPI) e são dependentes do poder público ou da caridade cristã. Muitas são abandonadas nas ILPIs porque possuem pouco ou nenhum recurso financeiro, porque são solteiras ou viúvas e porque são estatisticamente mais abandonadas pelos filhos que os homens velhos.

Sobre nós mulheres, incidem de forma muito cruel os efeitos da violência estrutural citada acima combinada com a violência simbólica, quando mulheres idosas são destituídas de suas casas, de seus pertences, das relações familiares, das amizades, da vizinhança e de suas próprias histórias, passam a viver como anônimas nas ILPI, muitas já com problemas de demência.

Para acentuar o doloroso processo de despersonalização de muitas senhoras que moram nessas ILPI, existe uma prática muito comum nessas instituições de infantilizá-las, levando-as a omitir sua voz e seus desejos e a obedecer às regras que os funcionários(as) esperam que elas sejam obrigadas a obedecer.

Felizmente, muitas delas reinterpretam essas instituições como seus próprios lares, criam novos laços, formam ali novas famílias, constroem um senso de comunidade entre elas, numa atitude de superação que mostra sua força e sua resiliência frente a condições tão adversas. 

As mulheres, sempre incríveis… <3

Lembrando que  “O Estatuto do Idoso determina, em seu Art. 4º, que “nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão e todo o atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei

Ao identificar qualquer tipo de violência ou maus-tratos aos idosos ou idosas podemos denunciar através do número 100, disponível 24h.

Fonte: Manual de Enfrentamento à Violência contra a Pessoa Idosa (Secretaria de Direitos Humanos).

 

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