“Ao nascer, o bebê e a mãe fazem um só. É o tempo da fusão, indispensável, em que ele vai ganhar segurança e força. No entanto, é preciso crescer e, para isso, distanciar-se para poder ganhar novos territórios de autonomia e liberdade. Todo o desenvolvimento psicomotor da criança, toda vida humana aparecem como uma seqüência de ligações e desligamentos, de conquistas e separações. Porém, é possível se separar sem sofrer? Por que a separação faz nascer em nós um sentimento de abandono? O que é o trabalho do luto e será que ele alguma vez termina? Para que servem as lembranças? Sentimos realmente saudade da fusão primeira com nossa mãe?”
No trecho acima vocês têm a sinopse de um livro curtinho e interessantíssimo, “Me larga; separar para crescer” (Marcel Rufo| 2007) . O tema do apego é tratado tanto do ponto de vista da importância de cultivar o apego nos muito pequenininhos, quanto no que diz respeito da necessidade de em determinado ponto deixá-los crescer, serem autônomos e seres à parte da mãe.
Abaixo, deixamos um trecho do livro que mostra, inclusive, que por trás de alguns diagnósticos e comportamentos existe uma relação de apego ineficiente. Por esse motivo especial, trouxemos para o Reab a indicação do livro.
“Rafael, que em breve irá completar seis anos, tem dificuldades para falar. Tropeça nas palavras, que ficam bloqueadas como se estivessem se recusando a sair. Sua gagueira começou quando ele tinha 18 meses, no momento do aprendizado da linguagem. Rafael é acompanhado por um fonoaudiólogo que, por ocasião de uma avaliação, lhe perguntou o que tinha acontecido na vida dele que pudesse explicar sua gagueira, mas o menininho se recusou a falar sobre isso com ele, tal como se recusa atualmente a fazê-lo comigo. Então é sua mãe que me conta sua história: o filho tinha mais ou menos 18 meses quando ela derramou óleo fervendo de fondue sobre toda a parte inferior do próprio corpo. Com queimaduras de terceiro grau, precisou ficar internada muito tempo. Como os serviços hospitalares finalmente entenderam que não se deve separar os filhos dos pais, Rafael tinha autorização para ver a mãe, mas a cada vez batia nela violentamente.Parece evidente que essa separação precoce provocou no menino uma angústia determinante, responsável tanto por sua agressividade contra a mãe quanto por sua gagueira.”
Quem se interessar pelo livro, pode ter ideia de valores e maiores informações clicando aqui ou na capa do livro da imagem abaixo: