Incluir exige generosidade

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Não é possível falar de inclusão sem falarmos de sacrifícios.

Cedo ou tarde, a necessidade desta reflexão se coloca. Então descobrimos uma luz no túnel.

 

O tema da inclusão das pessoas com deficiência tem avançado em suas discussões nas mais variadas situações e ocasiões em que o assunto é debatido. Assim, nos parece conveniente criar uma oportunidade para expressão de alguns pontos de vista acerca da inclusão para avançarmos em busca de uma formulação talvez mais precisa das nossas próprias indagações.

(Então, surge a coluna !)  =)

 

Quando a criança com deficiência vai para o contexto escolar temos diversas contradições e um universo de sentimentos a serem elaborados e considerados na criança e na família dela. Aliás, o relacionamento entre famílias de pessoas com deficiência e todos os profissionais envolvidos nesta relação está entre os mais difíceis e duradouros, ou seja, estamos falando de relações que exigem sacrifícios.

A escola inclusiva é mais um movimento que tem proposto novas relações entre educadores e pais com base na premissa de que as parcerias serão frutíferas e reverterão na inclusão da criança na comunidade. Contudo, além da dificuldade de relacionamento entre família e profissionais há a dificuldade na compreensão e efetivação das Leis que falam sobre a inclusão da criança. Afinal, onde estamos errando?

Uma primeira indagação me motiva: Se algum familiar se negar a realizar estratégias que vão incluir a criança com deficiência por qualquer motivo que ele me expresse, como devo agir?

Estou cada dia mais convencida que não é possível viver de fato a inclusão sem sacrifícios. Cedo ou tarde os valores pessoais de todos os envolvidos entram em choque. E nos chocam. Então o trabalho começa. Neste sentido, a questão sobre a inclusão mesmo contra a vontade da família deve ser levantada e discutida.

Realizar parcerias para a inserção dessas crianças é também, respeita-las em suas individualidades e características pessoais, bem como respeitar a forma de funcionamento que sua família encontrou para continuar a jornada de cuidar desta criança.

Será que nós, profissionais, realizamos indagações sobre as razoes pelas quais nos preocupamos tanto com a integração da pessoa com deficiência, se, na realidade, grande parcela da coletividade, formada por pessoas não deficientes, não possuem sequem estas oportunidades? Precisamos encontrar a luz no túnel, para darmos continuidade na nossa caminhada.

Todas as pessoas envolvidas no contexto direto da criança com deficiência, consideradas não deficientes, também não estão integradas em diversas situações importantes da coletividade, e nem por isto a sua condição de segregação tem merecido uma discussão mais categórica e fervorosa por parte dos profissionais. Seria este um caminho?

Talvez o conforto da família e da criança num atendimento segregado deva ser considerado como um elemento importante para decidir o tipo de tratamento que se destina o caso. Sei que o termo “segregado” pode influir algo negativo, mas, na verdade, o deficiente e seus familiares podem sentir-se confortáveis com seus “iguais”. Já pensou sobre isto?

Se a inclusão é vista como parte da estratégia de regulação da vida social e coletiva do homem, não tem sentido, pensarmos em estratégias para promovermos a integração de pessoas com deficiência sem levarmos em consideração os aspectos emocionais daqueles que estão vinculados a laços afetivos e cotidianamente às crianças deficientes. Pensar, refletir, reverberar pode ser o primeiro passo para começarmos a definir o melhor currículo, o melhor plano de tratamento, o melhor recurso, o melhor local, enfim, devemos levar em consideração o que estas interações entre familiares e profissionais mobilizam, para construirmos uma educação apropriada para a criança com deficiência para então pensarmos na inserção destes na comunidade.

Os resultados de muitas pesquisas da área apontam que a dificuldade em se transformar o discurso sobre a integração em uma prática generalizada e permanente tem sido atribuída a diversos aspectos como o despreparo dos profissionais, a descontinuidade dos programas e planos educacionais, a falência do ensino público, a falta de recursos e vontade política de nossos dirigentes e etc. Porém, pouca ênfase é dada ao aspecto psicossocial da questão.

Para Omote (1995, p. 61) “poder exercer o direito de não participar de determinadas situações (ou de não se integrar), por mais valorizadas que estas possam ser, é tão importante quanto poder exercer o direito de participar de qualquer destas situações (ou de integrar-se)”.

Por tudo isto, ao contrário do que geralmente estudamos, discutimos e do que se proclama, a questão da integração dos deficientes não é apenas um problema de política educacional, nem se resume a colocar estas crianças em classes regulares ou na sociedade.

Devemos pensar na generosidade das relações entre pessoas, e isso é um pouco mais complexo do que garantir a matrícula na escola pública, ou o atendimento direcionado.

Isso é o quanto estamos dispostos a mobilizarmos dentro de nós para acolhermos aquilo que é satisfatório ao outro! Aí, sacrificamos algumas verdades, nos caotizamos, e então estaremos prontos para transformarmos esta realidade.

Seguimos…

Ms. Carolina Gregorutti | Terapeuta Ocupacional | CREFITO 11/13221 – TO

1 COMENTÁRIO

  1. Olá boa noite!
    Estou precisando de orientações como trabalhar com PECS, Prancha de Comunicação Alternativa. Sou Professora de AEE( Atendimento Educacional Especializado). desde já muito agradecida se for possivel pode enviar para o meu e-meil as imagens.
    Obrigada Tânia.

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