Esse post é absolutamente pessoal, não é porque foi assim comigo que será com você! Nossas vivências, quem somos e o conhecimento que vamos acumulando ao longo da nossa vida determina um monte de coisas, inclusive a mãe e o pai que o adulto se torna! Ou seja, você pode ter a mesma formação que eu e usar desses conhecimentos de uma maneira bem diferente. Mas vamos ao meu caso…
No meu caso, terminei a faculdade de Terapia Ocupacional e só tive minha filha 9 anos depois. Durante esse tempo, ensinei, fiz especialização e mestrado, cliniquei para adultos durante 6 anos. Minha experiência com criança foi muito intensa na época do estágio e no início da minha carreira. Bebês e os primeiros anos fizeram parte de uma época da minha vida profissional.
Agora corta a cena. Depois de 9 anos de formada…
Quando me vi com um bebê nos braços minha perspectiva mudou, lembrei das orientações que eu dava quando estagiária aos pais que estavam acompanhando os bebês que precisavam de estimulação no primeiro ano de vida. Eu pensava: “Meu Deus, mães mal têm tempo de tomar banho, choram de cansaço (eu chorava!!) como teriam tempo de parar e estimular um recém-nascido?” Nesse momento me dei conta do quanto uma rede de apoio é essencial a qualquer mãe, imagina para aquelas que além de todos os medos do desconhecido e cansaço, ainda vivem a realidade, o luto e a pesada responsabilidade de ter um filho com deficiência.
Não vou dizer que não daria as orientações, que abraçaria aquela mãe e a deixaria sair dali sem uma sessão de T.O, mas antes de qualquer “tecnicismo” eu diria: “Como foi sua noite? Tem algo que eu possa fazer por VOCÊ hoje?” E, depois de todas as orientações de estimulação, acrescentaria: “quando puder faça, quando estiver muito cansada, vá dormir, descanse! Peça a alguém para fazer por você ou naquele momento não faça. Você precisa estar bem para cuidar do bebê!“.
Tudo é diferente quando estamos vivemos os papéis sociais dos nossos clientes. Bem, teve uma época que eu falava para mães, e agora eu sou mãe. Mãe que não precisa de terapias para a filha, mas que sabe as tarefas, a rotina, o amor e tudo mais o que esse papel significa. E, quero fazer esse post SOBRETUDO para dizer que ser mãe me ajudou MUITO a pensar naqueles clientes e famílias da porta do consultório para fora, nas 23h que se passam antes e depois de cada sessão. Digamos que ser mãe me tornou mais humana, mais sensível aos relatos, mais ciente da minha responsabilidade com a eficácia de uma intervenção que tenha impacto na participação dos meus clientes nas tarefas mais simples e prazerosas dos seus cotidianos.
Sabe uma outra coisa? Despertei também para a importância da infância, dos primeiros anos, dos aprendizados que construímos ao longos dos preciosos primeiros anos de vida e que são “descontruídos” pelas diversas condições de saúde que fazem “funções do corpo serem disfuncionais” e prejudicam desde as atividades mais simples, como tomar banho, até as mais complexas, como gerenciar a própria a casa.
Hoje vejo os adultos com deficiências temporárias ou permanentes como um contínuo da infância; vejo a importância de se saber como se aprende, quais os caminhos iniciais para o aprendizado. Quem sabe assim, vou conseguir ajudá-los melhor.
Que bom, que bom que ser mãe me trouxe essas perspectivas.
Que bom!
Oi Ana !
Eu me tornei mãe no meio da graduação de Terapia Ocupacional, tranquei o curso por um ano e meio praticamente e estou lutando para terminar a graduação meio a greve da USP e o um filho de dois anos e meio. Gostei muito de tudo que escreveu e também acho ” que ser mãe me tornou mais humana” . Que bom ser mãe, que bom ter esse olhar =)
Abraços.
Que lindo, exatamente assim, fui mamãe no começo da graduação e ser mãe me tornou uma profissional melhor, mais humana, me apaixonei por crianças!
Ana! Parece que você fez o texto para mim! ❤ Super identifiquei 😉 Obrigada por traduzir em palavras meus sentimentos… super beijo!
Que bom, Thais. Eu é que agradeço o feedback tão carinhoso! <3
Ana, como me vi em seu relato e concordo com você em passar esse carinho para essas maes e/ ou familiares!
Me tornei mãe durante a graduação, logo em seguida comecei estágio na área infantil. Ser mãe é saber e entender o que acontece do lado de lá, antes da família chegar até nós.
Lindo texto, me identifiquei também. Belo trabalho que você faz, parabéns!
Ah que relato lindo, carregado de sensibilidade e empatia. Ser mãe me muda diariamente, a Terapeuta Ocupacional que sou!