Como fazer um idoso mais feliz? Posso ser feliz sendo idoso?

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Esta resposta precisaria de uma tese de doutorado, mas vou trazer aqui alguns pontos que podem nos ajudar. A Felicidade, embora pareça um termo muito filosófico e pouco mensurável, pode ser estudada através de um conceito, o Bem-Estar Subjetivo (BES). E, quando digo que pode ser estudada não é para complicar a resposta, mas para dizer que as respostas são baseadas em estudos, não em achismos (e isso é bem valioso, concorda?).

Diante da certeza que podemos “intervir” considerando o bem-estar uma variável que podemos alcançar, podemos e precisamos falar dela em relação aos idosos. E veja porque:

  • No final desta década (2020-2030) o número de pessoas com 60 anos ou mais será 34% maior, passando de 1 bilhão em 2019 para 1,4 bilhão. Em 2050, a população global de idosos terá mais do que duplicado, para 2,1 bilhões.
  • Enquanto a França teve quase 150 anos para se adaptar a uma mudança de 10% para 20% na proporção da população com mais de 60 anos, lugares como Brasil, China e Índia terão pouco mais de 20 anos para fazer a mesma adaptação. Isso significa que a adaptação pela qual esses países precisam passar terá de ser realizada muito mais rapidamente do que costumava acontecer no passado.

Essa realidade desperta ações em todo o mundo. Inclusive, existe em andamento uma Estratégia Global e Plano de Ação sobre o Envelhecimento e a Saúde que é uma resposta da Organização Mundial de Saúde a essa realidade: precisamos cuidar, ressignificar, pensar e agir em relação ao envelhecimento.

Juntando todas essas variáveis que citamos, junto ao conhecimento baseado em evidências, que a participação bem-sucedida em ocupações significativas promove um senso de competência, autoexpressão e pertencimento, podemos de uma forma simples responder que ser um idoso feliz ou ajudar a tornar um idoso mais feliz passa por agir de forma que ele se envolva (se mantendo ou retomando) em ocupações significativas.

Aos que estão envelhecendo, uma boa saúde e a continuação da participação sendo parte integral da família e da sociedade é o caminho. Claro que o resultado do envelhecimento saudável é uma combinação de múltiplos fatores que vão da genética ao ambiente (o que inclui as condições socioeconômicas e as políticas públicas que incluem o cuidado ao idoso).  E por tantas variáveis não é uma tarefa fácil em algumas situações. No entanto, não é impossível.

Aos que estão envelhecendo com deficiências, limitações na participação social, existe a necessidade (e a possibilidade) de buscar soluções para alcançar a máxima participação possível que a condição de saúde permitir.

Diante desta perspectiva que o idoso está com seu desempenho nas ocupações significativas comprometidas, o papel dos profissionais de reabilitação é fundamental. De forma específica, o terapeuta ocupacional pode contribuir encontrando soluções práticas para favorecer esse envolvimento nas ocupações, seja pela modificação dos ambientes, adaptação das ocupações para torná-las possíveis de realizar, prescrição e confecção de tecnologias assistivas que vão dar suporte às ocupações que o idoso precisa e deseja participar, dentre outras possibilidades.

O importante é que a gente tenha em mente que será a participação nas ocupações com significado para o idoso que podem favorecer a felicidade. Pense nisso!

Leia mais:

Fonte: OMS. Decade of Health Ageing. 2020-2030

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