Celular e direção, veja como se comporta seu cérebro

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O uso do celular durante a condução de veículos tem sido cada vez mais comum (embora seja errado… todos sabem!). Sobre essa situação comum o NY Times publicou recentemente uma pesquisa da National Highway Traffic Safety Administration (NHTSA) na qual concluíram que o uso de telefone celular ao dirigir não é indicado.

Se falar em um celular enquanto estiver dirigindo é perigoso? Aqui estão alguns fatos interessantes. Motoristas que utilizam telefones tem quatro vezes mais probabilidade de causar um acidente do que os outros condutores. A probabilidade de que irá falhar é o mesma que alguém dirigindo com nível de 0,08% de álcool no sangue (o ponto onde os motoristas são geralmente considerados motoristas bêbados).

O estudo da NHTSA e a ciência do cérebro dizem-nos que o risco real não está em nossas mãos, está em nossas mentes. E o que acontece no cérebro que torna o uso do telefone celular enquanto estiver dirigindo tão perigoso?

Dirigir é uma das atividades mais complexas cognitivamente.Para uma condução segura, temos de nos concentrar, observar e processar informações de forma rápida e correta. Temos que responder a todo tipo de informação que está constantemente a bombardear-nos de todas as direções enquanto dirigimos. Temos que ser capazes de estimar a velocidade e a distância de forma rápida e correta.Condução realmente requer 100% de nossa atenção.

Quando falamos ao telefone celular enquanto estamos dirigindo, podemos pensar no nosso cérebro como “multitarefado”. Na verdade, nossos cérebros não são “multitarefados”. O que acontece não são duas tarefas de atenção simultâneas, mas divisão da nossa atenção entre as atividades, e nosso cérebro mudando rapidamente de uma atividade para a outra.

O perigo de falar ao celular enquanto dirige reside no fato de que o cérebro não consegue processar de forma eficiente nessa situação. Além disso, é necessário priorizar a atenção para a conversa de telefone celular (pelo menos, se quiser dizer algo que faça sentido!!). Como as palavras ditas durante uma conversa de telefone celular “desaparecerem” uma vez que são faladas, o cérebro deve assistir de perto as informações de áudio para ter certeza de que capta a conversa.

Do ponto de vista visual da estrada ou da rodovia, o cérebro não muda tão rapidamente este tipo de informação quanto o áudio, de modo que o cérebro ignora periodicamente algumas das informações visuais. Além disso, quando as pessoas estão falando no telefone, eles não são apenas falando, eles estão vendo todos os tipos de imagens em sua mente. Esta visualização pode ser inofensiva na maioria das vezes, mas pode ser uma verdadeira tragédia, quando um pedestre está atravessando ou um carro ultrapassa. Quando estamos falando ao telefone, o cérebro não tem o poder de processamento para reagir com rapidez suficiente para essa evolução.

Por outro lado, dirigindo e conversando com um passageiro no carro não é perigoso, porque esses passageiros ajudam a manter o alerta do condutor e também pode indicar condições perigosas, e são mais silenciosos que uma conversa ao celular.

Sendo assim, quais as habilidades cognitivas são as mais afetadas pelo uso do telefone celular? Atenção visual, processamento de informações e tomada de decisão são as habilidades cognitivas mais afetadas.

Quando você pensa sobre a condução, você percebe o quanto você precisa dessas habilidades cognitivas, e como elas poderiam ser arriscadas para reduzir a eficácia de qualquer uma destas funções quando você está dirigindo.
Logo… condução segura não é apenas manter nossos olhos na estrada e as nossas mãos no volante, é focar nossos cérebros em uma das atividades mais desafiadoras cognitivamente, dirigir.

Foto: kaysha

Fonte: cognifit.com

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Sou terapeuta ocupacional de formação, comunicadora por dom e experiência ao longo dos 10 anos frente ao reab.me; empresária que aposta na produção de produtos e conteúdos significativos e com propósito para ajudar as pessoas que precisam dos cuidado da reabilitação. Editora-chefe do Reab.me. Terapeuta Ocupacional (UFPE) com especialização em Tecnologia Assistiva (UNICAP). Mestre em Design (UFPE). Sou autora de 4 livros de exercícios para estimulação cognitiva que servem como material de apoio em contextos terapêuticos que visam a manutenção ou melhora de disfunções cognitivas. Sendo eles: - 50 exercícios para estimulação cognitiva: o cotidiano em evidência; - 50 exercícios para estimulação cognitiva: a culinária em evidência; - 50 exercícios para estimulação cognitiva: a família em evidência; - 50 exercícios para estimulação cognitiva de crianças com dificuldades de aprendizagem. No mais, sou Ana, esposa de Fábio, mãe de Olga e Inácio. Praticante de meditação e yoga.

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