A Terapia Ocupacional com gestantes

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Muito se fala na literatura sobre as inúmeras mudanças que ocorrem com a mulher e seu parceiro no processo de gestação. As mudanças internas e externas podem e devem ser acompanhadas para que a gestante se sinta não apenas acolhida, mas também informada de todo caminho que está percorrendo até a chegada do novo integrante da família que mudará (ou mais uma vez mudará – no caso de não ser o primeiro filho) a rotina da casa e da família.

O terapeuta ocupacional é um profissional que pode estar inserido nesse processo de diferentes formas e em acompanhamentos de intervenção grupal ou individual, mas o que esse profissional dedicado às ocupações humanas pode fazer pela gestante e sua família? Se pensarmos “apenas” nas mudanças corporais que ocorrem ao longo da gestação, constataremos que hábitos e rotinas relacionados às atividades diárias (AVD) e instrumentais de vida diária (AIVD) são modificados. Quem nunca ouviu uma gestante se queixar quanto às atividades de autocuidado que precisam ser realizadas de outra forma? Ou quanto às AIVD? Intuitivamente, as gestantes modificam seus hábitos e rotinas dentro e fora de casa, mas o treino de novas formas de realizar e equilíbrio das atividades, de acordo com essa “nova mulher” podem ser objetivo da intervenção. E, sim, auxiliar muito esse novo momento onde as coisas mais simples podem ser desafiadoras ou exigirem um auxílio no gerenciamento.

No entanto, não apenas o corpo muda, a gestação permeia vários processos psicodinâmicos que não podem ser desconsiderados. Resgates e transformações emocionais são muito fortes durante e após a gestação, devendo o profissional de TO estar atento e pronto para a informação sobre distintos assuntos e o acolhimento “básico” a esta família. Entemos aqui que o acolhimento em sua profundidade e acompanhamento nesse sentido cabe ao profissional da Psicologia.

A intervenção do TO pautada na informação prática para a vida, pode fazer parte das sessões e ser direcionada não apenas no que concerne ao período da gestação, mas também ao pós-parto. Após a chegada do recém-nascido (RN), as rotinas são distintas da fase anterior ao nascimento e passam por profundas transformações ao longo, em especial, do primeiro ano de vida do bebê. Oferecer a informação e ajudar a compreender e gerenciar todo esse processo pode fazer parte das sessões de TO, que não se limitará apenas às questões práticas, mas considerará às transformações emocionais e sociais que permeiam esse processo.

A depender a necessidade individual ou grupal, orientações quanto aos cuidados de saúde da gestante e também do RN também fazem parte, por exemplo no que diz respeito ao tabagismo, diabetes e etc na gravidez, bem como os cuidados diários e rotinas do bebê. (Vale ficar claro que esses períodos de “rotina” são muito variáveis quando falamos do bebê que está se adaptando ao mundo e o mundo – que inclui e é, sobretudo sua mãe – que está se adaptando a ele).

A retomada e gerenciamento das atividades laborativas e de lazer também devem ser incluídos, afinal papéis anteriores à gestação precisam ser retomados com equilíbrio de forma a favorecer a saúde da mulher.

Terapeutas ocupacionais que trabalham em ambientes hospitalares podem incluir na intervenção informativa o assunto “rotinas hospitalares da mãe e do RN”, afinal ambos estarão fazendo parte de um novo ambiente, o hospital, após a chegada do bebê.

A intervenção da TO no processo de gravidez está permeado de mais detalhes do que os expostos aqui. Quem se interessar mais sobre o assunto, pode procurar o livro: “Terapia Ocupacional na Complexidade do Sujeito” (clique aqui e va à livraria!).

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Sou terapeuta ocupacional de formação, comunicadora por dom e experiência ao longo dos 10 anos frente ao reab.me; empresária que aposta na produção de produtos e conteúdos significativos e com propósito para ajudar as pessoas que precisam dos cuidado da reabilitação. Editora-chefe do Reab.me. Terapeuta Ocupacional (UFPE) com especialização em Tecnologia Assistiva (UNICAP). Mestre em Design (UFPE). Sou autora de 4 livros de exercícios para estimulação cognitiva que servem como material de apoio em contextos terapêuticos que visam a manutenção ou melhora de disfunções cognitivas. Sendo eles: - 50 exercícios para estimulação cognitiva: o cotidiano em evidência; - 50 exercícios para estimulação cognitiva: a culinária em evidência; - 50 exercícios para estimulação cognitiva: a família em evidência; - 50 exercícios para estimulação cognitiva de crianças com dificuldades de aprendizagem. No mais, sou Ana, esposa de Fábio, mãe de Olga e Inácio. Praticante de meditação e yoga.

2 COMENTÁRIOS

  1. Existe outras bibliografias que vc indica para esse tema? Sou T.O. e estou montando grupo de gestantes num centro de referencia governamental. Estou abrindo campo da T.O. neste centro que a 20 anos de existência nunca teve. Gostaria que me indicasse bibliografia para me auxiliar nesse processo de implantação e realização do trabalho. Desde já obrigada.

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